Cariri tem boa safra, mas reservas dos açudes preocupam populações
Mesmo com um levantamento preliminar de cerca de 90% de
aproveitamento da safra, agricultores do Cariri estão preocupados com as
condições de abastecimento de água. Em algumas localidades, há comunidades que
já estão sendo abastecidas de carros-pipa. Depois de dois anos de seca, o
inverno regular na maioria das localidades da região não foi suficiente para
deixar água nos reservatórios.
O laudo da produção começa a ser levantado pela Empresa de
Assistência Técnica e Rural do Ceará (Ematerce). As perspectivas de inverno
para o próximo ano já assustam os agricultores, em virtude do El Niño.
Segundo o técnico da Ematerce, Ernani José Alves Rocha, os laudos
vão apontar os índices de perdas dos agricultores, para que eles possam ter
acesso ao Garantia Safra. A avaliação leva em conta a oferta de água, incluindo
o a disponibilidade para o consumo humano e animais. No Cariri alguns
municípios não tiveram chuvas bem distribuídas, com isso caracterizando inverno
irregular, como ocorreu em Jardim e Granjeiro.
Nesses casos já foram registradas perdas, principalmente em
Jardim, onde houve distritos, conforme Ernani, onde a perda agrícola foi
praticamente total. Na cidade, o índice de chuvas este ano cegou a pouco mais
de 400 milímetros.
Missão Velha é um dos municípios que registra uma das maiores
produções de milho. Este ano, conforme Ernani, a produtividade foi razoável.
Mesmo com essa realidade, a gerente regional da Ematerce, Elcileide Mendonça,
afirma que o Cariri registrou um dos maiores índices de produtividade agrícola,
chegando a perdas em torno de 10%.
No Crato, onde houve um índice considerado bom para os
agricultores, os níveis de produção agrícola, com as perdas que o presidente do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais Antônio Gama, considera normais, chegou a
mais de 80%. Disse que uma das grandes preocupações foi quanto ao desestímulo
dos agricultores, que tem se reduzido a cada ano. Segundo ele, outro fator foi
o plantio fora de época, já que o prognóstico da Funceme, no começo do ano, não
apontava para um inverno rigoroso. "Isso acabou causando temor dos
agricultores e de certa forma também um desânimo", afirma.
As precipitações vieram mais com maior intensidade nos meses de
fevereiro e março deste ano, quando os agricultores temiam um inverno ruim.
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