quinta-feira, 31 de julho de 2014

Demissão expõe crise entre Gaudencio e RC
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A disputa eleitoral pelo governo do Ceará atingiu a relação, até então harmônica, entre o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (Pros), e o vice, Gaudencio Lucena (PMDB). Ambos estão em trincheiras adversárias – um defende o petista Camilo Santana, outro o peemedebista Eunício Oliveira, respectivamente.  O clima ficou tenso entre os dois, após a demissão dos secretários indicados pelo PMDB. Inclusive, na próxima semana, Gaudencio pedirá afastamento das funções da vice-prefeitura. Nos bastidores, comentava-se que o futuro de Gaudencio seria diferente dos últimos vice-prefeitos da capital cearense. Isso porque Isabel Lopes, Marlon Cambraia, Carlos Veneranda e Tin Gomes não tiveram tal oportunidade de mostrar “serviço” como o peemedebista. Agora, Lucena entra no time dos vice-prefeitos que acabaram isolados na gestão após desentendimentos com os titulares dos cargos.
Já faz parte da resenha política que, em Fortaleza, paira uma espécie de “maldição” em torno da figura do vice-prefeito, na medida em que os últimos políticos que ocuparam tal função perderam importância ou desapareceram do cenário político local, após “rompimento” ou “desentendimento” com o gestor municipal. Dizem até que “vice só é importante durante a pré-campanha, no período de definição do nome”. Outra espécie de “mantra” entre os políticos é o de que “um bom vice é aquele que, durante a campanha, não atrapalha e, durante o mandato, não aparece”.
O atual vice-prefeito afastava-se disso. Ele acompanhava o mandato de RC de perto, inclusive atuando como coordenador das Regionais buscando encontrar soluções concretas para as demandas da população. Nas poucas vezes em que falou sobre o futuro na gestão, Gaudencio, que participa ativamente da política, recentemente, dizia que não pretendia abandonar o cargo, nem mesmo deixar a disputa interferir. Discurso, até então, adotado por RC.
Agora, o discurso é outro. Ao falar sobre a demissão dos secretários indicados pelo PMDB, Roberto Cláudio deixou claro que os integrantes da legenda não têm espaço em sua administração. “O PMDB tomou uma decisão muito clara de afastamento do nosso projeto. Essa foi uma decisão unilateral do próprio PMDB de se afastar de um projeto que nós encaramos ser vencedor. Mas essa é uma decisão legítima e política. E essa decisão certamente que traz ônus. É uma decisão em que o PMDB decidiu caminhar só, contrário a nossa gestão municipal, inclusive, que é de apoio a essa grande aliança que nós construímos a pouco mais de oito anos. Enfim, é isso. Não tem muito o que falar”, concluiu o prefeito.

OPINIÃO
O cientista político e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Uribam Xavier, diz que não existe maldição no cargo de vice-prefeito, mas adverte que o cenário só está assim por culpa dos próprios partidos e candidatos, que não têm projeto político para a cidade, o que, segundo ele, reflete no “descompromisso com a máquina pública”. Para ele, na realidade, o modelo não representa a população, mas o projeto pessoal e, por isso, ocasionam rompimentos pós-eleição. Ele lembra que, muitas vezes, por conta do tempo de televisão, alianças esdrúxulas são realizadas e isso é bem sintomático. Em contrapartida, o modelo não é mais aceito pela população, que, ano passado, ocupou as ruas do País. E, realmente, como diziam alguns manifestantes, as insatisfações tudo têm a ver com a inversão de prioridade por parte do Poder Público.

NÃO É NOVIDADE
Na gestão passada, a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) teve problemas com o então vice-prefeito, Carlos Veneranda (PDT). Após romper com a prefeita, ainda no início da gestão, ele foi deixado de lado, não podendo participar diretamente do governo da petista.  Na gestão posterior, a petista também iniciou a administração rompida com Tin Gomes (PHS), atual deputado estadual. Em 2010, Tin Gomes pediu exoneração para disputar uma das vagas na Assembleia Legislativa.
Na última gestão de Juraci Magalhães, que antecedeu Luizianne, a confusão foi com a vice-prefeita Isabel Lopes. Após se desentender com o prefeito, Isabel filiou-se ao PT, que, à época, fazia oposição à gestão de Juraci. Da mesma forma, Isabel também foi colocada “para escanteio”.
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