Na TV, candidatos exibem diferenças
Logo no primeiro dia do Horário Eleitoral Gratuito, fica visível as divergências dentro das próprias coligações
Além das propagandas para presidente da República, os primeiros programas veiculados, ontem, no horário eleitoral gratuito, na televisão, no início da tarde e à noite, também foram destinados à campanha de deputado federal e já revelaram os diferentes entendimentos em cada uma das coligações. Enquanto o PSDB excluiu Eunício Oliveira das inserções para dar espaço a Aécio Neves, parte das legendas aliadas a Camilo Santana ignoraram o nome de Dilma Rousseff.
Hoje, pela primeira vez, vão aparecer os candidatos ao Governo do Estado, ao Senado e a deputado estadual. O primeiro programa eleitoral foi apresentado no rádio, na manhã de ontem, também só com postulantes à Presidência da República e a deputado federal. A propaganda eleitoral no rádio e na televisão vai até o dia 2 de outubro.
O programa de televisão para a disputa dos cargos de deputado federal começou com a propaganda dos candidatos da coligação de apoio a Eunício Oliveira, mas cada uma das legendas apresentou as candidaturas de forma separada, enquanto a aliança de Camilo Santana mesclou a ordem de apresentação dos postulantes de cada legenda aliada.
Apenas com as imagens de Eunício Oliveira e Tasso Jereissati ao fundo, excluindo a imagem de qualquer presidenciável, os deputados federais peemedebistas Mário Feitoza, Danilo Forte e Mauro Benevides apresentaram o que já fizeram durante os últimos quatro anos que justifiquem a reeleição. O vereador Vitor Valim também participou da primeira inserção. Quando Mauro Benevides apareceu (ele é pai de Mauro Filho, candidato ao Senado na chapa de Camilo Santana), desapareceu a imagem de Tasso Jereissati, ficando apenas a de Eunício.
Aécio
Em seguida, apesar de fazer parte da mesma coligação, o PR deu continuidade ao programa com uma identidade visual totalmente diferente da utilizada pelo PMDB. Sem fazer referência a nenhuma candidatura majoritária, a deputada federal Gorete Pereira, na busca de um novo mandato, abriu o programa da legenda listando as bandeiras que defendeu durante os últimos quatro anos na Câmara.
Já o pessoal do PSDB trocou a fotografia de Eunício Oliveira e incluiu a de Aécio Neves, candidato a presidente, ao lado de Tasso Jereissati, postulante ao Senado. O deputado federal Raimundo Gomes de Matos foi quem abiu a parte dos tucanos.
Na propaganda do PSB, nenhum dos candidatos a deputado federal da legenda apareceu neste primeiro programa. O partido preferiu destinar o tempo para que a candidata da agremiação ao Governo do Estado, Eliane Novais, destacasse a importância da eleição proporcional e fizesse uma homenagem a Eduardo Campos. Durante grande parte do espaço destinado aos postulantes à Câmara Federal, a sigla apresentou a trajetória do ex-presidenciável em formato de cordel.
O candidato ao Governo do Estado Camilo Santana (PT) também apareceu no tempo destinado aos postulantes a deputado federal da coligação em que seu partido está inserido para alertar ao eleitorado da importância de formar uma bancada que possa manter diálogo com a presidente Dilma Rousseff.
Os candidatos de cada uma das legendas que formam a coligação se apresentaram em ordem variada em frente a uma imagem composta por Dilma Rousseff, Camilo Santana e Mauro Filho. Durante o programa, quase todos finalizaram o discurso frisando que também estão com os três candidatos aos cargos majoritários, mas alguns, como o suplente de deputado estadual Adail Carneiro (PHS), pediram votos apenas para os postulantes da aliança ao Governo e ao Senado.
Diante da mesma estratégia e identidade visual adotada por todos os candidatos da coligação, a expectativa ficou em cima de como seria a inserção da ex-prefeita Luizianne Lins, mas a candidata a deputada federal não apareceu entre as candidaturas apresentadas. Minutos depois do horário eleitoral ter sido transmitido na televisão, ela publicou na rede social Facebook o vídeo com seu programa, acusando o governador Cid Gomes de tê-la censurado e criticando a direção estadual do PT de ter acatado a suposta censura. O mesmo aconteceu com o deputado federal Eudes Xavier, também fora do horário eleitoral da tarde.
Na inserção, Luizianne Lins e Eudes Xavier desobedecem o padrão visual adotado pelos demais candidatos da coligação. No discurso da ex-prefeita, após destacar seu trabalho à frente da Prefeitura de Fortaleza, ela pede voto apenas para a presidente Dilma Rousseff. Na imagem, porém, há uma pequena referência à candidatura de Camilo Santana ao Governo do Estado. Na de Eudes, nem esta parte aparece.
A coligação entre os sete partidos chamados de nanicos formada exclusivamente para a disputa dos cargos de deputado federal se aproveitou da mesma identidade visual apresentada pela coligação encabeçada por PROS e PT, mas substituíram a imagem da presidente Dilma Rousseff pela fotografia da candidata a vice de Camilo, Izolda Cela. Nos discursos, os candidatos dizem estar apenas com Camilo Santana e Mauro Filho.
Majoritário
Já a coligação formada entre DEM, PPS, PSDC e PTN não fez nenhuma referência ao pleito para o Governo do Estado, Senado ou Presidência da República, apesar de os quatro partidos estarem na aliança com Eunício Oliveira para a disputa majoritária. No programa do DEM, por exemplo, Moroni Torgan pediu voto apenas para ele ao justificar a súplica com o trabalho desenvolvido durante o período em que esteve na Câmara dos Deputados, na vice-governadoria e como Secretário de Segurança.
A coligação Frente de Esquerda Socialista também evitou fazer referências às candidaturas majoritárias. Nenhuma das legendas destacou a candidatura de Ailton Lopes ou dos três presidenciáveis que dividem a aliança, Luciana Genro (PSOL), Zé Maria (PSTU) e Mauro Iasi (PCB). O presidenciável do PCB, por exemplo, apareceu apenas na propaganda de um dos candidatos da legenda a deputado federal. Os partidos repetiram, à noite, a mesma programação apresentada no início da tarde na televisão.
Camilo fala sobre a interiorização
O candidato ao Governo do Estado pelo PT, Camilo Santana, afirmou que pretende ampliar a interiorização dos principais serviços prestados pelo poder público, como saúde, educação e assistência social. O petista discursou na última segunda-feira à noite no Centro Industrial do Ceará (CIC) para dezenas de empresários do Estado. O evento faz parte de um ciclo de palestras com os postulantes a governador e senador. Ontem à noite Camilo foi a Iguatu participar de uma reunião com bispos da Igreja Católica juntamente com Ailton Lopes e Eliane Novais, respectivamente candidatos a governador do PSOL e do PSB.
Como exemplo de expansão desses serviços públicos no Interior, Camilo Santana disse aos empresários cearenses que, sendo governador, pretende construir Unidades de Pronto Atendimento (UPA) em todos os municípios com mais de 50 mil habitantes.
Questionado sobre os modelos de parcerias público-privadas (PPP) adotados no Estado, Camilo exemplificou casos que diz considerar bem-sucedidos no atual Governo, como o Castelão e o Centro de Eventos. "Estamos sempre abertos ao setor para discutir", declarou.
Ele citou empreendimentos idealizados para o Estado quando foi perguntado sobre o apoio ao parque industrial do Ceará. "Com a refinaria e a siderúrgica, vamos abrir um leque de oportunidades, seja através dos incentivos fiscais ou de infraestrutura para que os empreendimentos possam funcionar", garantiu.
Eliane lembra a morte de Campos
Em seu pronunciamento na Assembleia Legislativa, ontem, a deputada Eliane Novais (PSB) fez uma homenagem ao candidato a presidente da República, Eduardo Campos, morto na semana passada durante um acidente aéreo. Ela destacou a trajetória do então postulante, e ressaltou os desdobramentos políticos que a morte do pessebista trará para o cenário nacional, com a indicação de Marina Silva, escolhida para ser a candidata pelo PSB à Presidência.
Antes do pronunciamento dela, por iniciativa do presidente da sessão, deputado Sérgio Aguiar (PROS), após ler uma rápida mensagem sobre Eduardo Campos, os deputados prestaram uma homenagem póstuma ao ex-governador de Pernambuco, com um minuto de silêncio.
Eliane disse que no ultimo dia 13, "o Partido Socialista Brasileiro perdeu um dos mais importantes quadros políticos de sua história". Para ela, o Brasil perdeu uma de suas mais promissoras lideranças. Em seu breve relato sobre a trajetória política de Campos, Novais lembrou que o pessebista acompanhou de perto os trabalhos do avô, o cearense Miguel Arraes, que é referência da esquerda no Brasil.
"Seguindo os passos de seu avô, em pouco tempo, Eduardo construiu uma trajetória política marcante. Começou sua vida política cedo, como militante estudantil, na universidade, tendo sido presidente do diretório acadêmico do curso de Economia. Foi deputado estadual e deputado federal. No cargo, aliás, sempre recebeu destaque", disse.
Roberto Pessoa justifica ausências
Apenas o candidato a vice-governador da coligação Ceará de Todos, Roberto Pessoa, compareceu ao primeiro encontro organizado pela Setcarce (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas) e Facic (Federação das Associações do Comércio, Indústria, Serviços e Agropecuária).
As duas entidades receberão os candidatos majoritários com a intenção de que cada um apresente as propostas para a gestão do Estado durante os próximos quatro anos. Camilo Santana e Mauro Filho são esperados para o próximo dia 2 de setembro.
Os candidatos Eunício Oliveira (PMDB) e Tasso Jereissati (PSDB) estavam previstos para o encontro de ontem, mas nenhum dos dois compareceu. De acordo com Roberto Pessoa, a ausência de ambos se deveu à gravação dos programas destinados para o horário eleitoral gratuito.
O candidato a vice rebateu ainda a forma como as coligações adversárias tem se aproveitado das ausências de Eunício Oliveira em debates já organizados por veículos de comunicação ou entidades da sociedade para fazer críticas. "Houve muitas coincidências com o compromissos já agendados", alegou.
No encontro, o principal problema reclamado pelos representantes das duas instituições foi o grande número de casos de roubo de cargas registrados nas estradas cearenses. No debate, a inexistência de uma delegacia especializada apenas para combater esse problema foi tratado como uma das principais razões e Roberto Pessoa prometeu acatar a ideia apontada.
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