sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Presidente evita falar sobre disputa estadual entre Camilo e Eunício

Dilma no Ceará
Presidente Dilma entre trabalhadores do conjunto residencial Cidade Jardim, gravando para o seu programa da propaganda eleitoral
FOTOS: KID JÚNIOR
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Mauro Filho foi o único candidato a cargo majoritário que esteve com a presidente Dilma, ontem, em ambiente público
FOTO: BRUNO GOMES
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A presidente Dilma conversou longamente com Ciro Gomes ao longo de sua estada no Ceará sobre a sucessão estadual e a dela em busca da reeleição
A presidente Dilma Rousseff (PT) evitou se aprofundar sobre a disputa do Governo do Estado, mas admitiu que vai adotar uma atitude moderada diante do processo da sucessão estadual, por ser apoiada tanto por Camilo Santana (PT) quanto por Eunício Oliveira (PMDB).
Dilma Rousseff esteve, ontem, no Ceará para fazer gravações para o programa do horário eleitoral gratuito no residencial Cidade Jardim, no bairro José Walter, em Fortaleza. Os apartamentos são obras do programa Minha Casa Minha Vida. Antes, a presidente também passou por Pacajus, na Região Metropolitana, onde registrou imagens do Eixão das Águas para as inserções na televisão.
Camilo Santana e Eunício Oliveira não acompanharam a presidente durante na sua passagem pelo Estado. Apenas o candidato ao Senado, Mauro Filho, além do governador Cid Gomes, o prefeito Roberto Cláudio, os senadores José Pimentel e Inácio Arruda e outros aliados prestigiaram a visita de Dilma Rousseff ao residencial.
"Em princípio, eu tenho aqui dois apoiadores. Então, eu tenho uma atitude bastante moderada a subir num ou noutro", limitou-se a afirmar. Após a resposta, a presidente Dilma Rousseff pediu desculpas por não poder ficar mais tempo e seguiu para a Base Aérea de Fortaleza, onde embarcou para Recife com a intenção de participar de uma concentração política.
Quanto à visita, Dilma Rousseff justificou a ida ao residencial Cidade Jardim ao classificar o empreendimento como o exemplo do que significa o Minha Casa Minha Vida. "Aqui é o melhor lugar para eu falar sobre o Minha Casa Minha Vida. A Cidade Jardim é um residencial com pessoas que viviam em uma favela embaixo de lona. A outra parte são pessoas que não tinham moradia (?) É o único programa habitacional depois de anos e anos", ressaltou.
Permitirá
A presidente aproveitou o tema e partiu para a ofensiva ao criticar os pensamentos de Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) sobre as condições em que o programa Minha Casa Minha Vida tem sido executado no Brasil. Segundo Dilma Rousseff, os dois candidatos são contra subsídios do Governo Federal e, na avaliação dela, esse pensamento inviabiliza o programa.
"O que me preocupa quando eu olho a questão das discussões nesta campanha eleitoral sobre a habitação, me preocupa uma visão que não pode haver subsídio, que subsídio é mal, que tudo tem de ser feito a preços de mercado (?) Acontece que aqueles que dizem e que defendem o programa de habitação, na prática são contra", pontuou a candidata à reeleição.
Dilma Rousseff justificou que o corte dos subsídios, mesmo que seja feito gradualmente, não permitirá que as famílias com renda de até R$ 1.600 consigam uma moradia digna, já que ficarão submetidas às condições de mercado. "Na prática, o que querem é acabar com o programa. Porque é com subsídio dado pelo Governo e aplicado pelos bancos públicos ou não tem programa habitacional. Não há como fazer caber nas condições de mercado a casa própria para as pessoas dessa faixa de renda", destacou a presidente.
Apesar das críticas, Dilma Rousseff reconheceu ainda haver necessidade da ampliação do programa Minha Casa Minha Vida e citou que a meta de seu projeto de Governo é construir mais três milhões de novas moradias. A presidente voltou, no entanto, a defender que essa novas residências só serão possíveis se forem mantidos os subsídios concedidos pelo Governo Federal e aplicados pelos bancos públicos.
"Se perguntar para mim como presidenta se estou contente com o Minha Casa Minha Vida, estou, em parte, porque nós conseguimos chegar a 3 milhões e 550, mas eu sei que falta muito mais. Agora, esse muito mais que falta e esse futuro que tem que construir você não vai construir acabando com banco público e com subsídio", frisou.
Novo
A presidente ainda alegou que o problema do déficit habitacional atinge a população mais pobre, ampliando a necessidade de manter o programa Minha Casa Minha Vida de acordo com as atuais condições executadas atualmente. "O maior déficit habitacional, ou seja, onde falta moradia é justamente para a população que mais precisa que ganha nessa primeira faixa que eu disse até R$ 1.600. É por isso que as pessoas moravam até agora em favela. É por isso esse padrão de moradia que nós estamos difundindo pelo Brasil, que é o padrão da Minha Casa Minha Vida", acrescentou.
Durante a passagem por Fortaleza, Dilma Rousseff voltou a afirmar também que, se eleita para o segundo mandato, formará uma nova equipe para atuar ao lado dela à frente do Governo Federal, mas evitou mencionar os novos nomes ao justificar que provocaria azar e ainda seria equivocado fazer isso antes de eleito.
"Não nomeio ministro em segundo mandato. Primeiro, porque eu acho errado. Eu não fui eleita e como é que eu estou saindo por aí nomeando ministro (...) Eu não falo nisso também porque acho que dá azar. Nomear ministro para uma coisa que não aconteceu. Agora, Governo novo, equipe nova. Não tenha dúvida disso", esclareceu a presidente.
Dilma teve conversas reservadas com o governador Cid Gomes e com o ex-ministro Ciro Gomes sobre a campanha eleitoral no Ceará e admitiu a possibilidade de ainda voltar ao Estado, no primeiro turno da disputa.
Mauro não detalha sobre o encontro

O candidato ao Senado Federal pelo PROS, Mauro Filho, foi o único candidato a cargo majoritário a estar em ambiente público com a presidente Dilma Rousseff ao Ceará, na tarde de ontem. Ele, segundo informações, chegou a gravar para o programa eleitoral junto com a presidente.

Mauro Filho caminhou com a presidente por alguns apartamentos do conjunto Cidade Jardim, e, segundo ele, foi a própria Dilma que pediu para que ele andasse ao lado dela. “Ela disse que vai continuar dando ênfase ao Minha Casa, Minha Vida, e disse que precisa de um senador para alocar os recursos ao Orçamento que sejam pelo programa. E esse é um compromisso meu de campanha”, disse o candidato, procurando se esquivar do questionamento sobre a gravação do programa com Dilma. “Não vou dizer nada sobre a gravação. Vocês vão ver, vai acontecer em breve”, se limitou.

Estratégia

Mauro ressaltou ainda que a pesquisa Ibope, que o deixa atrás do candidato Tasso Jereissati reflete apenas um momento, mas disse receber “com humildade” os resultados, destacando também que sua candidatura tem o melhor apoio e o maior projeto para o Estado e o Brasil. “A estratégia inicial foi expor o candidato ao Governo e o Governo Federal. O senador vai entrar para fortalecer os dois. Você acha que se pode eleger uma presidenta e um governador com um senador contra? Claro que não. Por isso que nos últimos 35 anos o governador sempre conseguiu eleger o senador”, disse.

Em dado momento da caminhada de Dilma, como ressaltou o candidato, ela chegou a dizer “nós vamos ganhar juntos”. “Nós somos a única candidatura que apoia a presidente Dilma e é apoiada pelo ex-presidente Lula, pelo governador Cid, e pelo ex-ministro Ciro. Temos a estrutura que tirou 32 milhões de pessoas da extrema pobreza, temos o Minha Casa, Minha Vida, fizemos escolas profissionalizantes, e implantamos o Programa Alfabetização na Idade Certa. Não se pode eleger uma presidenta com um senador contra”, reafirmou.

O senador José Pimentel, que também acompanhou a visita de Dilma Rousseff às obras do Minha Casa, Minha Vida, disse que, assim como em todas as outras eleições majoritárias, primeiro trabalha-se a candidatura ao Governo do Estado para depois investir no candidato ao Senado. Ele não confirmou se irá trabalhar diretamente na campanha de Mauro e se limitou a dizer que vota “13 e na chapa do 13”. Já o deputado Guimarães (PT), que tentou disputar a vaga de senador, informou que a intenção agora é ampliar o apoio à Dilma, consolidar o nome de Camilo Santana, e tentar “puxar com anzol”, o candidato Mauro Filho.
Ciro acha normal posição da candidata em relação ao CE

Ciro Gomes conversou demoradamente com a presidente Dilma em toda a sua permanência no Ceará. Ao final da visita ele falou sobre a declaração de Dilma em relação à moderação que ela prometeu adotar quanto à disputa do Governo do Estado. Ciro Gomes negou que isso possa atrapalhar o desempenho de Camilo Santana no pleito. “Não atrapalha em nada, porque a gente quer que ela se eleja. Então, todo mundo que vota nela diz que vota, sério ou mentindo, a gente aceita. Não tem problema nenhum”, pontuou.

Na avaliação de Ciro Gomes, a política econômica proposta pela candidata Marina Silva é um desastre. O irmão do governador ressaltou que o posicionamento dela sobre a participação dos bancos estatais brasileiro, caso tivesse sido aplicado durante a crise de 2008, teria obrigado o Brasil a sofrer uma intensa recessão econômica.

“Como se explica ela defender publicamente a participação dos bancos estatais brasileiros no mercado de crédito? Quando houve a crise em 2008, os bancos privados todos recuaram. Se o Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES, que são sensíveis a uma diretriz política, não tivessem segurado, nós teríamos que ir para uma recessão pesada”, ressaltou.

Ciro Gomes defendeu que os programas de Dilma Rousseff veiculados no horário eleitoral gratuito deveriam insistir mais no questionamento às propostas de Marina Silva. O atual secretário de Saúde considerou errada a estratégia adotada pela campanha da presidente ao comparar a candidata do PSB a Jânio Quadros e Fernando Collor.

Chances

“Acho que está errado Acho que tem que propor concretudes. Qual a concepção de País que ela tem? Qual a matriz energética? Qual a política industrial de comércio exterior? Que estatuto de autonomia do Banco Central que nem o Fernando Henrique teve coragem de fazer e ela está propondo”, explicou Ciro.

Ele declarou que seu irmão, Cid Gomes, errou ao declarar que a candidata à presidência da República, Marina Silva (PSB), corre o risco de não conseguir terminar o mandato caso seja eleita. Na edição do Diário do Nordeste publicada na última terça-feira, o governador declarou que, por conta das bandeiras defendidas pela presidenciável, ela pode ser até "deposta". Ciro, no entanto, disse não acreditar nas chances dessa possibilidade acontecer agora no Brasil.

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