quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Apresentado novo fóssil de 120 milhões anos

22.01.2015

A descoberta é importantíssima para a região e destaca a importância da preservação do acervo

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O fóssil de uma folha em perfeito estado da Japecanga foi resgatado nas minas de calcário laminado, em Nova Olinda
FOTO: MIRELLY MORAIS
Crato. Foi anunciada, na manhã desta quarta-feira (21), na sede do Geopark Araripe, mais uma descoberta paleontológica inédita. Os pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (Urca) apresentaram à imprensa um achado fóssil inédito de 120 milhões de anos. Uma planta do Período Cretáceo conhecida popularmente como Japecanga, da família da Smilacaceae.
De acordo com os pesquisadores, este é o mais antigo registro desta espécie no mundo. O fóssil, descrito em um artigo de doutorado, recentemente publicado pela Academia Brasileira de Ciências, é baseado em uma folha com características semelhantes às do gênero Smilax, frequente nas Américas, Europa e sudeste asiático.
Para o vice-reitor da Urca, professor Patrício Melo, o principal feito é o cumprimento dos objetivos, tanto na área da pesquisa quanto na área de formação de pessoas qualificadas. "A formação de professores e pesquisadores na Urca está se dando de maneira adequada e de reconhecimento internacional. Temos, hoje, na descoberta deste achado pelo menos dois ex-alunos que, coordenados pelo professor Álamo, fortalecem o Departamento de Paleontologia da Urca", destaca.
Outra conquista, segundo o vice-reitor, é a importância do achado por sua datação, que pode ajudar a confirmar a deriva dos continentes, por causa da sua insurgência no território africano e no território do Araripe, pelas suas características de espécie e da família.
O professor Álamo Feitosa, orientador do trabalho acadêmico de doutorado que descreveu o fóssil, afirma que ainda há muitas descobertas a serem feitas e bons resultados continuarão a ser apresentados à comunidade. "Com essa descoberta podemos reforçar que os nossos fósseis são importantes, têm que ficar aqui e podem trazer dividendos em forma de turismo sustentável e desenvolvimento para a nossa região", frisa.
O fóssil foi encontrado em 2012, durante um ano e meio passou por análises laboratoriais e foi descrito e publicado nos anais da Academia Brasileira de Ciências. O nome dado é uma homenagem ao professor Jackson Antero (in Memoriam), Cratosmilax Jacksoni. O docente foi um dos grandes nomes do Cariri na luta pela preservação da Chapada do Araripe, e chegou a ser o chefe da Área de Proteção Ambiental (APA) da Chapada do Araripe.
A Smilacaceae é uma família de plantas monocotiledôneas basais que ocorrem em todos os continentes e está relacionada à origem de plantas com flores. Fósseis dessa família são conhecidos desde o Cretáceo Superior. No artigo, é apresentado o novo gênero e espécie (Cratosmilax jacksoni), da família do Cretáceo Inferior (Aptiano-Albiano), encontrado em lâminas de calcário da Formação Crato (Bacia do Araripe).
Segundo Álamo Feitosa, o fóssil de uma folha em perfeito estado da Japecanga, planta conhecida popularmente, foi resgatado nas minas de calcário laminado, em Nova Olinda. O trabalho de descrição foi realizado por uma equipe de pesquisadores da URCA, e tem como autora a professora Flaviana Jorge de Lima. Ela destaca que essa é a primeira pesquisa a ser descrita com localidade estratigráfica, possibilitando estudos detalhados das camadas das rochas.
O vice-reitor da Urca chama a atenção para o combate ao tráfico de fósseis, que tem representado grandes perdas para o acervo do Cariri. Conforme ele, tem sido feito um trabalho de educação ambiental neste sentido.
Mirelly Morais
Colaboradora

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