PUBLICIDADE
A presidente da Graça Foster e outros cinco diretores da Petrobras renunciaram ao cargo, informou a estatal nesta quarta-feira (4).Em comunicado ao mercado emitido na manhã desta quarta, a empresa afirma que "o Conselho de Administração se reunirá na próxima sexta-feira, dia 06.02.2015, para eleger nova Diretoria face à renúncia da Presidente e de cinco Diretores".
A nota da Petrobras atende a pedido da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a xerife do mercado financeiro, a respeito de reportagem daFolha desta terça (3), informando que o Palácio do Planalto já havia avisadoGraça de que ela seria substituída. Sua permanência no cargo ficou insustentável em meio às denúncias de corrupção na Petrobras, levantadas na Operação Lava Jato, e ineficiência na execução de projetos.
Na sexta (30), Graça reclamou com a presidente sobre a pressão que vem sofrendo e colocou, novamente, seu cargo à disposição.
Ao contrário das negativas anteriores, desta vez Dilma concordou com a saída da auxiliar, de quem é amiga. A posição de Dilma só mudou depois que o Conselho de Administração da empresa divulgou, na semana passada, umabaixa em seus ativos da ordem de R$ 88 bilhões, fruto de desvios e ineficiência na execução de projetos.
O número acabou fora do balanço não auditado referente ao terceiro trimestre de 2014, mas enfureceu Dilma, que considerou a conta descabida e superestimada. Para ela, conforme definiram assessores, a sua mera divulgação foi um "tiro no pé."
Na opinião de ministros, a chefe da empresa jamais poderia ter deixado que os consultores contratados para fazer o cálculo chegassem a um número tão alto sem contestação da metodologia.
O episódio acabou deteriorando ainda mais a situação financeira da Petrobras, que perdeu quase 3/4 de seu valor de mercado nos últimos anos devido à política de investimentos considerada inflada e à corrupção.
A CMV pediu esclarecimentos após a notícia causar uma forte alta nas ações da empresa durante o pregão de terça. As ações ordinárias (com direito a voto) fecharam em alta de 14,24% e bateram em R$ 9,79. As preferenciais (sem direito a voto) tiveram alta de 15,47%, a R$ 10.
Após o anúncio da renúncia, as ações da companhia chegaram a disparar mais de 7%.
NOMES
A troca na presidência da estatal só não ocorreu ainda por falta de um sucessor imediato a Graça Foster. Alguns dos cotados mostraram resistência em assumir o cargo antes da atual diretoria resolver os problemas do balanço financeiro da empresa.
O Palácio do Planalto procura um nome de fora da companhia, de preferência do mercado, que dê um choque de credibilidade à empresa, mas tem enfrentado dificuldades para encontrar um executivo que se disponha a assumir o controle da estatal em meio ao maior escândalo de corrupção de sua história.
Dilma deflagrou no fim da semana passada, como revelou a coluna Painel, oprocesso de escolha de possíveis substitutos para o comando da Petrobras. A operação ficou a cargo do ministro Joaquim Levy (Fazenda).
Na próxima sexta (6), o ex-presidente Lula deve sugerir o nome de Henrique Meirelles para a vaga. Ele e Dilma se encontrarão em Belo Horizonte no evento de comemoração dos 35 anos do PT. Assessores presidenciais ponderam que ela não simpatiza com Meirelles.
Outro que está no radar de auxiliares presidenciais é Murilo Ferreira, da Vale. Um ministro considera, no entanto, arriscada a indicação do executivo. O mercado espera uma opção menos identificada com Dilma, assim como foi feito na Fazenda.
Executivos foram sondados para ocupar o Conselho de Administração da Petrobras, mas a não divulgação do prejuízo com a corrupção adiou a definição do "grupo de notáveis".
ENCONTRO
Dilma e a presidente da estatal se reuniram nesta terça-feira (3) em Brasília, após a Folha revelar a decisão presidencial de deflagrar a alteração na cúpula da petroleira. No encontro, ambas combinaram um cronograma de saída que deve ocorrer até o fim do mês.
Ficou acertado que, enquanto a presidente tenta encontrar novos nomes, Graça buscará concluir neste período o cálculo do impacto dos desvios de recursos investigados na Operação Lava Jato.
Trata-se de uma exigência para que o balanço da companhia seja finalmente auditado. A divulgação do valor também teria, aos olhos do governo, o efeito colateral de reduzir o desgaste de Graça.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Colaborou CATIA SEABRA, enviada especial a Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário