quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Líder promete reuniões com aliados e oposição

04.02.2015

Evandro Leitão será o líder do Governo no Legislativo e admite enfrentar dificuldades no início da gestão

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O deputado Evandro Leitão está se ambientando na Assembleia Legislativa e ouvindo orientações de deputados que já atuaram como líder do Governo na Casa, como José Sarto, último a ocupar a função na gestão Cid Gomes
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Escolhido como líder do Governo Camilo Santana na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Evandro Leitão (PDT) terá a tarefa de coordenar uma base governista com muitos parlamentares novatos, além de uma bancada de oposição que se inicia maior do que a que José Sarto (PROS), último líder da base aliada de Cid Gomes, enfrentou. Como primeira medida de sua atuação na liderança, o pedetista afirmou ao Diário do Nordeste que vai, já nos próximos dias, fazer reunião com aliados e opositores da atual gestão.
Reproduzindo o discurso que vem sendo feito pelo chefe do Poder Executivo, Leitão afirmou que vai buscar um maior diálogo com a base aliada, assim como tentar atender, na medida do possível, às reclamações feitas pelos oposicionistas. "Fico muito orgulhoso em saber que o governador depositou confiança em nosso mandato, mesmo sabendo que somos deputado em primeiro mandato. Agora estamos efetivamente assumindo como titular, como deputado, e me honrou esse convite", afirmou o parlamentar.
O pedetista reconhece que o trabalho não será fácil, uma vez que o Legislativo cearense conta com 46 pensamentos e ideias diferentes, em que cada parlamentar tem um interesse a ser atendido. "Mas esse será um trabalho construído através do diálogo, sempre discutindo com as pessoas, e teremos a devida humildade de conversar e dialogar. Essa será a nossa característica, assim como é a do governador. Ele, quando assumiu, chamou todos os deputados, sendo de oposição ou situação", relata.
Oposição fortalecida
Conforme o líder do Governo, a bancada de oposição deve ser mais fortalecida do que aquela enfrentada pelo ex-governador Cid Gomes. No entanto, defendeu o respeito entre as diferenças de pensamento e destacou que o mais relevante será a discussão e aprovação de projetos e mensagens que forem encaminhados para a Casa. Ele declarou ter consciência de que vai enfrentar problemas nos próximos meses, considerando que o primeiro ano da atual gestão deve passar por dificuldades, principalmente pelo arrocho de gastos anunciado na esfera federal.
"Mas todo início de Governo é assim e poderemos ter, após superado o primeiro ano, um momento melhor e outros três anos de grandes investimentos em nosso Estado. O retorno de crescimento para darmos melhor qualidade de vida no Estado na Saúde, Segurança, Educação e a questão hídrica, que são os principais assuntos a serem abordados na Casa", salientou.
Sobre a convocação de reuniões com aliados, Leitão afirmou que essa será a marca de sua atuação como líder de Governo. "Nós temos que construir e ter diálogo, um canal direto com a base aliada e oposição. Estaremos marcando reunião com base aliada e com oposição, por se tratar de questões importantes. Muitas vezes a oposição não tem conhecimento sobre determinado projeto e, com diálogo, facilitará o trabalho, pois muitas dúvidas nós iremos tirar já na origem. Tenho absoluta certeza que teremos esse diálogo direto com oposicionistas", defendeu.
Ainda ontem, Evandro Leitão já tirava algumas dúvidas com José Sarto, que foi líder do Governo Cid Gomes nos últimos anos. O parlamentar argumenta que Sarto tem experiência como líder e pode orientá-lo nos primeiros dias. "Aqui será um trabalho de ajuda mútua, onde nós queremos a contribuição de todos os deputados de situação e oposição", aponta.
Defesas técnicas
Já o ex-líder de Governo José Sarto disse que a experiência de Leitão como secretário da gestão passada, na pasta do Trabalho e Desenvolvimento Social, qualificou o pedetista para ser o escolhido por Camilo Santana. Segundo Sarto, Leitão deve buscar "defesas técnicas" para os assuntos propostos, tanto por parte da oposição como da base aliada.
O deputado José Sarto, quando líder do Governo do Estado na Assembleia Legislativa, foi acompanhado pelos vice-líderes Júlio César Filho (PTN) e Augustinho Moreira (PV), mas Evandro Leitão ainda não sabe quem fará parte da liderança do Governo na Casa juntamente com ele. Um dos embates que deve travar durante todo o ano deverá ser com o colega de partido, Heitor Férrer (PDT), que já se posicionou como oposição ao Governo de Camilo Santana.
Sobre possíveis embates com o correligionário, Evandro Leitão pondera que os questionamentos feitos por Férrer sempre são "técnicos" e nunca políticos, podendo contribuir com seu trabalho à frente da liderança da base governista, acredita.
"Eu tenho grande respeito pelo Heitor. E isso não no sentido de amenizar ou coisa parecida, mas no sentido de termos uma relação harmoniosa. Eu acredito que ele, além de ser um grande parlamentar, é um homem inteligente. Vamos sentar e conversar. Muitos dos questionamentos que ele fez e fará só irão nos ajudar", ressalta.
Petistas negam incômodo com decisão
Após o anúncio de que o líder do Governo do Estado na Assembleia Legislativa será o deputado Evandro Leitão (PDT), parlamentares da bancada do PT minimizaram o fato de o partido do governador Camilo Santana ter ficado sem representante na Mesa Diretora e sem a liderança do Governo do Estado na Casa. Para os petistas Elmano de Freitas e Moisés Braz, a escolha de Camilo para que Evandro Leitão (PDT) seja o representante do Governo na Casa é "acertada".
Elmano apontou que, em relação à Mesa Diretora, a bancada do partido já havia decido não postular nenhum assento para dar prioridade à presença nas comissões técnicas da Casa - Moisés na de Agropecuária e ele na de Educação. "Certamente, vamos ter dificuldades nesse ano, pelas previsões que a Funceme está colocando, e ter um companheiro da nossa bancada na comissão de agricultura, sendo um trabalhador rural, é muito importante para o nosso partido", justificou.
Sobre a liderança do Governo, o parlamentar ponderou ser uma escolha pessoal do governador. "Acho que ele escolheu um excelente nome. Pelo currículo, demonstra ser uma pessoa preparada, que tem capacidade de diálogo e de um partido do campo progressista da sociedade. Eu considero uma excelente escolha e espero que a gente possa colaborar", avaliou.
Trânsito livre
Já o deputado Moisés Braz admitiu que esperava um nome do PT para representar o Governo no Legislativo. "Lógico que a gente torcia muito para que o líder fosse do PT, mas eu acho que o governador foi muito feliz, escolheu um deputado muito experiente, que tem um trânsito muito livre, e eu não tenho nenhuma dúvida que será de fato uma grande liderança do governador nessa Casa", declarou.
Elmano descartou ainda que a agremiação esteja enfraquecida no parlamento. "O partido vai fazer, fundamentalmente, a defesa dos interesses populares. Daí a comissão de Agricultura e de Educação. Queremos fazer um trabalho daquilo que interessa mais à sociedade e ao nosso projeto político. Achamos que a liderança do governo expressa uma posição do governador de contemplar alguém de um partido aliado e nos consideramos muito tranquilos", apontou.
Rachel Marques (PT), que ficou na suplência e deve ser convocada a assumir o mandato quando for criada a Secretaria de Políticas Sobre Drogas, a ser assumida pela deputada Mirian Sobreira (PROS), reforçou que o líder do Governo é uma escolha de Camilo. Na avaliação da parlamentar, com seu retorno à Casa, a bancada petista será reforçada. Antes, integrantes da bancada do PT na Assembleia defendiam o nome de Rachel para ser a líder de Camilo na Casa.
Qualificado
O antigo líder do Governo do Estado na Casa, José Sarto (PROS), afirmou que o governador acertou em cheio ao escolher Evandro Leitão para ser seu representante. "Acho que ele é um dos melhores quadros aqui. Muito qualificado, tem perfil, foi executivo, tem postura na tribuna, coloca-se muito bem", apontou o parlamentar.
Sarto também minimizou a falta de experiência do novo líder, que chegou ao parlamento no final da legislatura passada. "O Nelson Martins (PT), quando foi líder, tinha sido vereador, mas era novo. O Antônio Carlos (PT) era suplente e assumiu. Talvez eu tenha sido a exceção, pelo fato de ter uma experiência acumulada, mas não é problema", afirmou o deputado.

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