PESQUISA CIENTÍFICA
Cariri sediará 24º Congresso Brasileiro de Paleontologia
Evento acontece de 3 a 6 de agosto deste ano e a estimativa é que venha a reunir cerca de 600 participantes
Crato. O Cariri volta a ser sede de um dos maiores eventos científicos na área da paleontologia do Brasil, com o 24º Congresso Brasileiro de Paleontologia, de 3 a 6 de agosto deste ano. Estarão reunidos os maiores estudiosos, não apenas do País, mas de outras nações, para conhecer de perto uma das mais representativas reservas de fósseis de Cretáceo do Planeta e estudar as descobertas recentes ocorridas no Brasil. A perspectiva dos organizadores é receber cerca de 600 pesquisadores e estudantes.
O município do Crato já foi sede do evento em 1999, na 16ª edição do evento. Estudiosos de vários Estados brasileiros e países como a Suíça, Estados Unidos, Portugal e Itália farão abordagens importantes sobre os estudos mais recentes na área e as condições de pesquisa.
Segundo o doutor em paleontologia da Universidade Regional do Cariri (Urca), professor Álamo Feitosa Saraiva, que irá presidir o evento, o congresso será uma oportunidade de debater questões legais e de fiscalização no Brasil, nesse segmento de pesquisa, envolvendo representantes de órgãos como o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e o Ministério Público Federal (MPF).
Pesquisas
A expectativa é que sejam inscritos e apresentados pelo menos 500 trabalhos científicos, trazendo uma atualização nas diversas áreas de estudo da Paleontologia. As propostas de minicursos para o evento devem ser encaminhadas até o dia 28 de fevereiro. Já os resumos de pesquisas devem ser enviados até 5 de março. Segundo Álamo, a meta é fazer com que esse seja o congresso da área mais participativo, como ocorreu o de 1999 na região.
A abertura do Congresso será no Centro de Convenções do Cariri. Os minicursos e apresentações de trabalhos acontecem na Urca, Ginásio Poliesportivo e no auditório da sede do Geopark Araripe, no Crato, além das visitas de campo em área de maior incidência de fósseis na região, nas cidades de Nova Olinda e Santana do Cariri, incluindo apresentação de equipamentos como o Museu de Paleontologia de Santana. As inscrições para o evento podem ser feitas por meio do site www.24cbp.com.br. Entre os nomes da área presentes no evento, estarão uma das maiores pesquisadoras na área de botânica do mundo, com estudos relacionados à evolução das angiospermas, Else Marie Friis, do Museu Sueco de História Natural. Pesquisas suas na área de paleobotânica foram publicadas sobre estudos de fósseis da Bacia do Araripe.
Descobertas
Também marcará presença um dos 10 maiores estudiosos do período Devoniano, no mundo, o português Artur Sá, do Conselho de Datação, e outros nomes importantes de brasileiros, que já realizaram pesquisas na região da Bacia Sedimentar do Araripe, como a professora da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) Juliana Sayão, e o professor Alexander Kellner, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele já realizou importantes trabalhos relacionados aos pterossauros do Araripe.
As mais recentes descobertas relacionadas aos fósseis da Bacia do Araripe e o estado de conservação dos achados do Cretáceo numa das maiores reservas do mundo, além de serem levadas aos debates, tendo em vista a importância do grau de preservação desse material, também será enfocado o futuro da pesquisa na área. O Cariri, conforme Álamo, será motivo de reflexão, por conta da sua relevância no contexto da ciência da Paleontologia em todo mundo.
Discussões
Álamo afirma que essa será uma oportunidade de apresentar os aspectos turísticos e as belezas da região do Cariri. Mas, além disso, uma forma de discutir a Paleontologia no meio social e científico. "Com certeza uma motivação a mais para os estudos na área entre os jovens, que terão a oportunidade de estar entre os maiores ícones desta ciência mundial", diz Álamo.
Atualmente, uma das preocupações dos estudiosos do Cariri, que tem sido motivo de debates não apenas na academia, mas também na comunidade, é a possível devolução de cerca de 3 mil fósseis apreendidos pela Polícia Federal, no interior de Minas Gerais, e encaminhados para a Universidade de São Paulo (USP).
A outra parte se encontra no almoxarifado da Delegacia da Polícia Federal, em Juazeiro do Norte. O material encaminhado para a universidade paulista foi autorizado pela Justiça Federal, que já sinalizou com a possibilidade de devolver as peças ao Museu de Paleontologia de Santana do Cariri.
Houve um pedido formal por parte da Urca pela devolução do material, que daria para montar um novo museu da era Cretácea na região, pela grande quantidade de peças.
Os fósseis, segundo Álamo, iriam para os Estados Unidos, destinados a colecionadores, onde seria montado um museu. Pela beleza das peças e conservação desse material, o pesquisador avalia que, pelo mercado ilegal, deveria ultrapassar os R$ 7 milhões em negociação.
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