segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Trânsito em Barbalha é o segundo mais violento com mortes no País


Estatística faz um paralelo entre cidades com até 20 mil habitantes. Autoridades refutam os números

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A letalidade tem preocupado, em vista do acentuado número de óbitos
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De acordo com os dados da pesquisa, uma das justificativas dessas cidades menores com muitas mortes no trânsito é alto índice da população com motocicletas
FOTOS: MIRELLY MORAIS
Barbalha. Um estudo divulgado na última semana traz o município como um dos mais violentos no trânsito de todo o País. Esta cidade apareceu como a segunda cidade do Brasil com o trânsito mais letal, com 194,4 mortes por 100 mil habitantes, conforme o relatório "O Retrato da Segurança Viária 2014", que traça a situação da segurança do trânsito no Brasil. Barbalha ficou em 2º lugar entre as cidades com mais de 20 mil habitantes onde mais se morre vítima de trânsito no Brasil.
A pesquisa traz o município com destaque negativo, mas as autoridades contestam a forma de análise e esclarecem que os dados estatísticos são mal avaliados. Para o especialista em trânsito na região, Edilson Marques, os números não são reais e representam as mortes que são registradas em vários municípios da região do Cariri, inclusive acidentes que ocorrem em municípios de outros Estados e que Barbalha, por ser um polo de atendimento hospitalar, acaba recebendo esses pacientes que terminam morrendo nos leitos de seus hospitais, tendo o óbito registrado no município.
Dados
As pesquisas são feitas com base em dados oficiais, levando em consideração muitas vezes apenas onde a pessoa acidentada morreu. Porém "a maioria dos pacientes que dá entrada nos hospitais locais por conta de acidentes de trânsito e acabam morrendo, não sofreram o acidente no município", explica.
Ele revela que outros municípios do Cariri, como Juazeiro e Crato, registram mais acidentes de trânsito que Barbalha, considerando terem uma maior frota, consequentemente um maior fluxo de veículos. Barbalha seria, dos três municípios do Crajubar, os mais tranquilo", afirma.
O dado preocupante, segundo Edilson Marques é que antes a maioria dos acidentes de maior gravidade ocorria nas rodovias e hoje, dadas as condições melhores de pavimentação das ruas, as estatísticas de acidentes graves dentro dos municípios também têm crescido e se devem à imprudência e negligência dos condutores. De acordo com os dados da pesquisa, uma das justificativas dessas cidades menores que se destacam com alto índice da população com motos, é que são cruzadas por rodovias e têm pouca infraestrutura de trânsito e serviço hospitalar. A interferência das rodovias nestas cidades e a falta de atendimento pré-hospitalar, além do próprio hospital municipal, que não tem estrutura para receber essas vítimas, as tornam mais letais, o que também não é o caso de Barbalha, que acaba recebendo um grande número de acidentados por ser referência hospitalar na região.
Os dados apontam, ainda, que entre 2001 e 2012, todas as regiões do Brasil tiveram aumento nos índices de mortes no trânsito. No Nordeste, o índice quase dobrou, saltando de 13,7 óbitos por 100 mil para 25,1.
Perigos
O relatório analisou, também, os tipos de veículos que mais se envolveram em acidentes fatais no País. O Nordeste, apesar de possuir quantidade total menor de veículos, tem 57,4% a mais de motocicletas que a região Sul. São 5,11 milhões de motos no Nordeste contra 3,24 milhões no Sul. Segundo o relatório, acidentes com motos respondem, proporcionalmente, pela maior parte das mortes viárias do Brasil.
No Nordeste, 43% da frota é composta por motocicletas e 48% dos óbitos são motociclistas ou pessoas que estavam na garupa de motos. No norte, 47% da frota é moto e 39% é o índice de mortes de motociclistas. No Centro-Oeste, 30% da frota é de moto e 36% número de óbitos de motociclistas. No Sudeste, 21% da frota é de motos e 28% o número de óbitos de motociclistas. Já no Sul, 21% dos veículos são motos e 31% das vítimas fatais estavam em motos.
Na avaliação do diretor técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária, Paulo Guimarães, a incidência de mortes no trânsito no Nordeste está ligada diretamente à falta de educação cívica de motociclistas somada ao crescimento do número de motocicletas.
Capitais
Analisando a distribuição dos óbitos por tipo de usuário no Brasil, excluídos os casos em que o veículo não foi especificado, o relatório aponta que a proporção de óbitos de 2001 a 2012 cresceu 140% entre motociclistas, passando de 15% para 36%. O número de acidentes fatais envolvendo automóveis manteve-se praticamente estável, de 30% para 31% e, entre pedestres e ciclistas, diminuiu 42%, de 52% para 30%. Assim sendo, o motociclista teria o perfil de maior risco do País.
Recife e Fortaleza são as capitais mais violentas no trânsito, de acordo com a pesquisa. Recife tem 34,7 mortes por 100 mil habitantes e lidera o ranking, seguida de Fortaleza, com 27,1 mortes por mil habitantes.
O estudo foi preparado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) e pela consultoria Falconi e traz dados da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), da Confederação Nacional do Transporte (CNT), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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