quarta-feira, 1 de abril de 2015


MORADA NOVA

Irrigantes aguardam indenização

01.04.2015

O problema se deu pela redução, no segundo semestre de 2014, da oferta de água do Açude Banabuiú

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Os agricultores deixaram de plantar confiando na promessa
FOTOS: ELLEN FREITAS
Morada Nova. A Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) deu um novo prazo para o pagamento de indenizações aos irrigantes do Perímetro Irrigado de Morada Nova, agora marcado para o próximo dia 7 de abril. Mais de 700 produtores estão sem plantar desde o ano passado, por recomendação da gerência do perímetro e de órgãos ligados à gestão dos recursos hídricos, frente à agravante situação de seca. Estão previstos para serem liberados mais de R$ 3,2 milhões.
A situação vem preocupando os irrigantes desde o ano passado. Eles deixaram de cultivar sob a promessa da indenização. "Devido à pouca chuva, eu não plantei no primeiro semestre do ano passado. Aí, a gente foi orientado, no meio do ano, a não plantar no segundo semestre por causa da pouca água dos reservatórios. Disseram que o Governo ia ajudar a gente, mas estamos esperando até agora", desabafa Armando Vieira, irrigante do perímetro, que aguarda o auxílio desde setembro de 2014. De acordo com suas informações, os poucos que se arriscaram confiando na chuva ou com ajuda de poços colheram pouco, enquanto a maioria ficou no prejuízo.
Para tentar driblar as dificuldades, Armando conta que ele, juntamente com outros produtores do Setor NH6, plantam capim para sustentar e a criação de pequenos animais.
Situação desesperadora
Já o conselheiro administrativo da Associação dos Usurários do Distrito de Irrigação do Perímetro de Morada Nova (Audipimn), João José Santiago, confirma que a situação dos colonos é desesperadora e há muita cobrança pela liberação dos recursos. "Tomara que o recurso saia mesmo porque já anunciaram três, quatro datas, mas até agora nada", disse.
A situação vivida pelos agricultores se deu pela redução, no segundo semestre de 2014, da oferta de água do Açude Banabuiú de 2,5 m3/s para 1 m3/s. Tal medida foi adotada pelo governo em decorrência da estiagem prolongada. A decisão tinha o propósito de assegurar parte dos recursos hídricos para o Perímetro Irrigado Tabuleiro de Russas, além da reserva mínima estratégica no Banabuiú e para a demanda de consumo humano e animal em Morada Nova, Ibicuitinga e Fortaleza.
Sem a safra do arroz, principal cultura da região, os produtores rurais não tiveram renda desde julho passado e estão enfrentando um quadro de dificuldades para manutenção da família, além de ficarem ociosos e dependentes de aposentadorias de pais e avós para manter o sustento. Em dezembro do ano passado os deputados estaduais aprovaram Mensagem do governo que autorizava o pagamento das devidas indenizações.
A Coordenadoria de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Codaf) da SDA informou que serão liberados até o dia 7 de abril recursos no valor de R$ 3.259.085,72 para serem aplicados em 1.687 hectares do perímetro de Morava Nova, que beneficiarão 708 produtores, ação que foi definida em reunião do Monitoramento de Projetos Prioritários do Governo do Estado do Ceará (MAPP 495), Lei de 9 de dezembro de 2014 com recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop).
Para o titular da SDA, Dedé Teixeira, essa ação vai garantir a renda e o trabalho para milhares de pessoas que dependem da agricultura familiar. "A chegada dos recursos aos agricultores só depende agora da formalização dos contratos junto aos departamentos jurídico e financeiro, pois vários dos irrigantes estavam inadimplentes junto aos bancos", explicou.
Para o coordenador da Audipimn, Francisco Sales Ferreira de Almeida, ainda falta ser definida como será a forma de pagamento, já que muitos irrigantes não possuem conta bancária e outros estão inadimplentes.
"Para eles a melhor forma de receber a indenização é por cheque ou ordem de pagamento. Isso vai garantir que eles recebam de forma integral. Quando for feita essa definição vai ser comunicada a todos", afirmou.
O coordenador ainda acrescentou que de 85% a 95% da área total do perímetro está ociosa, ou seja, sem atividade agrícola. "Só quem tem um poço com boa vazão é quem consegue plantar arroz ou outra cultura ou para a produção de alimentos para o rebanho", finalizou.

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