CPI aprova convocações e acareações de investigados na Lava Jato
- 11/06/2015 12h19
- Brasília
Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil Edição: Marcos Chagas
Depois de duas horas de discussão e tentativas de adiamento das votações previstas para hoje (11), deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras aprovaram em menos de 30 segundos todos os 140 requerimentos previstos que incluíam a convocação de envolvidos na Lava Jato. Também foram aprovados pedidos de acareação e quebras de sigilos de investigados como o doleiro Alberto Youssef e de parentes dele, como as filhas Taminy Youssef e Kemelly Caroline Youssef e a esposa Joana Darc. O colegiado pedirá informações bancárias, telefônicas e fiscais do ex-ministro José Dirceu e de algumas das empreiteiras citadas nas irregularidades.
Entre as acareações, os deputados decidiram ouvir, em uma mesma sessão que ainda será marcada, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco e Renato Duque, ex-diretor de Serviços. Outra acareação aprovada reunirá Barusco e João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. A CPI também fará acareação entre o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e Vaccari; entre o ex-tesoureiro do PT, Barusco e Renato Duque, e entre o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e Paulo Roberto Costa. Na lista de requerimentos ainda está a convocação de Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, para explicar as doações recebidas pela construtora Camargo Corrêa. O instituto é suspeito de receber R$ 3 milhões para realizar eventos.
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O avanço na pauta só foi possível quando, para tentar driblar as tentativas do PT de impedir a votação dos requerimentos previstos, a oposição apresentou um requerimento para que as votações fossem feitas em blocos. Representando o PT na sessão, o deputado Afonso Florence (BA) disse que há uma intenção clara de expor o partido. “Temos objeção a alguns requerimentos que estão aí e queremos incluir outros. Queremos investigar petistas, peemedebitas, democratas, mas o que não pode é fazer um circo no dia da abertura do Congresso do PT [que ocorre hoje, em Salvador]”, disse.
Florence chegou a pedir a leitura da ata da última reunião da comissão, discussão e votação – um procedimento que, apesar de regimental, é raramente adotado pelos parlamentares. A estratégia era tentar retardar as análises até que a Ordem do Dia fosse aberta em plenário, impedindo deliberações nas comissões. A manobra irritou o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB). “São mecanismos que o regimento permite mas que a sociedade repudia. Não iríamos admitir de maneira alguma. A CPI precisa acarear, quebrar sigilo, evoluir com aquilo que sociedade espera de nós. Hoje, um grande passo foi dado para que as investigações possam seguir e possamos dar o resultado que a sociedade espera de nós”, afirmou.
Em resposta às acusações de Florence, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) comemorou a aprovação dos requerimentos atacando abertamente o PT. “Esse partido que diz ter nascido na bandeira da ética é hoje sinônimo de corrupção. Eles se deterioraram. Hoje dentro do PT tem bandidos, e não temos receio de falar isso em alto e bom som. Você que é do PT assaltou a Petrobras, e digo isso aqui, na CPI, e em qualquer outro lugar”, disse.
Além da lista de convocados, alguns parlamentares também ficaram incomodados com o adiamento da sessão secreta em que deveriam ouvir explicações de representante da empresa Kroll, consultoria contratada pela CPI para investigar ativos desviados da Petrobras. As explicações da Kroll foram adiadas para o próximo dia 16. O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), afirmou que a empresa já deveria ter apresentado relatório prévio há um mês.
“Não sabemos o trabalho que está sendo feito, quem está sendo investigado. Se [a reunião] foi transferida, marque uma data possível para que possa realmente acontecer porque na terça-feira [dia 16], às 17h vamos ter Ordem do Dia e será adiada novamente”, afirmou o deputado. Valente reclamou da ausência de requerimento que havia apresentado para ouvir o empresário Júlio Camargo e de Jayme de Oliveira, acusado de transportar o dinheiro de propina do doleiro Alberto Youssef.
“Peço a inclusão na pauta desses requerimentos e se não for votado isso, hoje, vou entender como blindagem eterna desses cidadãos". Mesmo com o protesto, o presidente da CPI decidiu deixar os requerimentos para a próxima sessão.
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