terça-feira, 16 de junho de 2015

ENCONTRO NACIONAL

Petistas negam recuo do partido sobre polêmicas

16.06.2015

Lideranças rechaçam a hipótese de que a sigla evitou críticas duras ao governo, em especial à política econômica

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Em encontro realizado no CE, anterior ao congresso nacional do partido, filiados protestaram contra o ministro da Fazenda, Joaquim Levy
FOTO: JL ROSA
As lideranças petistas cearenses que participaram do 5º Congresso Nacional do PT, realizado em Salvador, rebateram as análises de que a agremiação recuou ao evitar, na resolução final, as críticas mais duras contra o ajuste fiscal e ao adiar a decisão sobre as doações empresariais à sigla. Na avaliação deles, as diferentes correntes não fugiram ao debate em nenhum dos pontos polêmicos, mas a maioria decidiu por prevalecer a construção em defesa do fortalecimento do partido e da gestão Dilma Rousseff.
Na etapa estadual do encontro no Ceará, cartazes pediam a saída do ministro Joaquim Levy, enquanto o presidente nacional do partido, Rui Falcão, não poupou críticas ao ajuste fiscal. Durante a semana que antecedeu o congresso, o Palácio do Planalto tentou minar ataques ao ministro da Fazenda e, ao final do evento, o documento foi concluído sem reclamações mais duras.
O líder do Governo na Câmara Federal e vice-presidente nacional do PT, José Guimarães, afirmou que seria loucura se a maioria do partido optasse por seguir o que defenderam algumas correntes da legenda no encontro nacional no que se refere ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e à política de alianças. Para o petista, a sigla passou pelos temas polêmicos sem prejudicar a imagem do partido, mas negou ter havido recuo.
"Se o PT tivesse feito alguma loucura, as análises estariam em outra linha. Como estaríamos com o PT? No momento em que se tenta construir governabilidade, não podíamos seguir o que algumas correntes queriam. Por isso, o PT foi na medida, está com Dilma e quer avançar", ressaltou Guimarães.
O deputado acrescentou que a maioria no PT compreendeu que o ajuste fiscal não segue o modelo defendido pelo PSDB e que significa a retomada da economia brasileira. "O ajuste é o símbolo da retomada do crescimento. O ajuste já está indo para o andar de cima. Para avançar nessas conquistas, temos que ter orçamento, aumentar a arrecadação. Esse plano de concessões que a presidente lançou é vital, ele foi preparado na medida".
Errôneas
O presidente estadual do PT, De Assis Diniz, alegou que as divergências entre os membros e a radicalidade de alguns grupos do partido motivaram análises errôneas sobre as decisões da agremiação. "Não tem ajuste do Levy, o ajuste é da Dilma. É ilusão imaginar que Levy tem autonomia para fazer tudo sozinho. Boa parte do que está sendo feito hoje foi discutida no Governo. Evidentemente que o PT é um partido plural, não é uma voz monolítica", pontuou.
De Assis Diniz destacou que a defesa da presidente Dilma ao ajuste fiscal, durante discurso feito no encontro, pesou na decisão do partido. "A fala da presidente Dilma é de quem precisa de apoio, é de que ela precisa que estejam com ela e disse o que ela quer com o ajuste fiscal. Quando ela fala, isso tem peso", explicou.
O dirigente avaliou que, em todas as discussões, o PT corria risco de sair enfraquecido, mas ressaltou que a legenda conseguiu o fortalecimento desejado. "Em todas as grandes questões temáticas, tivemos no mínimo quatro defesas de um lado e de outro. Tivemos no debate o que é essencial num partido plural. Nós tivemos um debate árduo e o partido sai fortalecido", frisou.
Inclusão social
A deputada Rachel Marques alegou que a linha de pensamento contra o ajuste fiscal teve voz no encontro e, em nenhum momento, tentou-se cerceá-la. "Isso faz parte, eles tiveram voz, mas a maioria do partido toma a decisão reafirmando o apoio aos governos Dilma e apontando que a política econômica fosse para o lado em que a inclusão social não seja prejudicada", disse.
Quanto ao debate sobre as doações empresariais ao partido, De Assis Diniz ressaltou que a legenda preferiu aguardar a conclusão do debate no Congresso Nacional e o avanço da Ação Direta de Inconstitucionalidade, em tramitação no Supremo Tribunal Federal. Revelou que o PT se prepara para organizar campanha para receber doações.

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