ALFINETADA EM OPOSITORES
Dilma defende mandato com 'unhas e dentes'
07.07.2015
Presidente insinuou ameaça de golpe e disse que as denúncias contra ela não ficarão sem resposta
Brasília. A presidente Dilma Rousseff (PT) classificou, ontem, como "golpista" a pregação por sua saída do governo e disse que defenderá "com unhas e dentes" o mandato para o qual foi eleita. Um dia depois da convenção do PSDB, na qual tucanos apostaram em novas eleições antes de 2018, Dilma orientou ministros, presidentes de partidos, deputados e senadores da base aliada a afastarem com vigor a articulação de adversários pelo impeachment, carimbando a iniciativa como "golpe".
"As pessoas que estão fazendo delação premiada vão ter de provar o que estão falando", disse Dilma em conversas reservadas. Foi uma referência a depoimentos de empreiteiros que, presos pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, disseram ter dado dinheiro desviado da Petrobras para o PT e para as campanhas de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Vou defender o meu mandato com unhas e dentes. Nada ficará sem resposta", disse a presidente.
Indignada com o movimento que começou a ganhar corpo com o agravamento da crise política, Dilma chamou uma reunião de emergência no Palácio da Alvorada, ontem à noite, com o Conselho Político do governo, formado por presidentes e líderes de partidos da base na Câmara e no Senado. Não foi só: convocou os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) para explicar aos aliados, "ponto por ponto", a manobra orçamentária que ficou conhecida como "pedalada fiscal".
Divisões internas
Além do PSDB do senador Aécio Neves (MG), reconduzido no domingo à presidência do partido, uma ala do PMDB flerta com a oposição e também prega o afastamento de Dilma, sob o argumento de que ela não tem mais condições para governar.
Há, porém, divisões em todos os partidos que defendem a interrupção do mandato de Dilma. Setores do PMDB torcem para que o Tribunal de Contas da União (TCU) rejeite as contas do governo em razão da "pedalada fiscal". Nesse caso, mesmo que o desfecho no Congresso fosse a aprovação do impeachment, Temer assumiria o cargo. Se, no entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acatar o pedido feito pelo PSDB e considerar que houve abuso do poder econômico e político nas eleições, como alegam os tucanos, a chapa Dilma-Temer perderia o mandato.
Temer disse desconhecer que setores do PMDB estejam namorando o PSDB, com o objetivo de sondar os tucanos para um possível apoio ao governo caso Dilma fosse obrigada a se afastar.
Antes de entrar para a reunião com o Conselho Político, no Alvorada, o ministro Nelson Barbosa disse que não houve ilegalidade no episódio sob análise do TCU. "Todas as operações que foram feitas estão de acordo com a lei e já foram objeto até de aprovação pelo TCU em exercícios anteriores", insistiu.
Sem razão
O ministro de Direitos Humanos, Pepe Vargas, também defendeu o governo Dilma e disse que não há razões que justifiquem eventuais pedidos de impeachment. Segundo Vargas, quem defende o afastamento de Dilma tem posições golpistas.
"Não há nenhuma base constitucional e jurídica que dê justificação a um pedido de impeachment", disse o ministro.
Vargas reafirmou o respeito à Constituição e defendeu a legitimidade da presidente reeleita em 2014. "O que justifica a existência de um governo é o voto popular, e não as pesquisas de opinião pública, que mudam ao longo do tempo", afirmou
Nenhum comentário:
Postar um comentário