sexta-feira, 3 de julho de 2015


INTERIOR

Sobral e Crato têm o melhor IDHM

03.07.2015

No caso de Crato, o item que mais contribuiu para o aumento do IDHM foi a longevidade, com 0,822

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O índice relativo à terceira idade pode ser observado nos encontros matinais entre aposentados, nas praças da cidade numa cultura quase provincial
FOTO: ANDRÉ COSTA
Crato. O município de Sobral possui o primeiro Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Estado entre as cidades do Interior, com 0,714. Crato, com 0,713 vem logo em seguida. Eusébio, com 0,701 é o terceiro. Fortaleza continua na liderança, 0,754.
Com o resultado, Crato, por exemplo, ultrapassou a linha de IDHM médio e baixo, que ocupava até a última atualização do Atlas. A cidade do Cariri ocupa a 1514ª posição entre os 5.565 municípios brasileiros. Nesse ranking, o maior IDHM é 0,862 (São Caetano do Sul, SP) e o menor é 0,418 (Melgaço, no Pará). Em comparação com a Unidade Federativa (UF), a cidade cratense apresenta crescimento ainda mais expressivo.
Enquanto a primeira passou de 0,493 para 0,727, nos últimos 24 anos, representando um salto de 47%, este município teve uma taxa de crescimento superior a 60%, passando de 0,444 em 1991 para 0,713 em 2010. O hiato de desenvolvimento humano, ou seja, a distância entre o IDHM do município e o limite máximo do índice, que é 1, foi reduzido em 51,62% entre 2000 e 2010.
Longevidade
O item que mais contribuiu para o IDHM do município foi a longevidade, com 0,822. Este índice pode ser observado nos encontros matinais entre aposentados, nas praças da cidade numa cultura quase provincial, inimaginável nas grandes e médias cidade nos tempos atuais. Desde que a Praça Siqueira Campos foi reformada, em dezembro de 2011, a prática de jogos de gamão, dama e dominó se tornaram frequentes. Para o aposentado Raimundo da Franca, de 80 anos, a convivência diária com os companheiros de jogo é o elixir da longa vida.
Há quase quatro anos, cerca de oito aposentados se revezam entre si nas duas mesas de jogo instaladas na praça central cidade. O companheiro quase inseparável de seu Raimundo, o também aposentado Francisco Batista, 60, conta que todas as manhãs faz um percurso de cerca de 4km, da sua residência à praça, para "fazer o que têm de melhor", jogar dama.
"Esse é o segredo da vida", revela Raimundo. Entre uma mexida e outra nas peças da dama, durante jogo vencido por seu companheiro, Francisco brinca: "Sorrir e conviver com pessoas leves, fazendo o que dá prazer é o que nos mantém com essa idade, aparentando um corpinho de 50".
De acordo com a pesquisa, feita a partir de parceria do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fundação João Pinheiro, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), idades como a de Raimundo e Francisco têm se tornado mais frequente neste município do sul do Estado.
A esperança de vida do cratense ao nascer cresceu 6,5 anos na última década, passando de 67,8 anos, em 2000, para 74,3 anos, em 2010. Em 1991, era de 61,8 anos. No Brasil, a esperança de vida ao nascer é de 73,9 anos; em 2010, era de 68,6 anos; em 2000, de 64,7 anos.
Logo atrás da longevidade, aparece a Educação, cujo índice de 0,673 contribuiu sobremaneira para que a cidade atingisse pela primeira vez o IDHM alto. Para o secretário de Educação do município, Ronaldo Bacurau, "o momento é de comemorar, porém, temos consciência que o caminho na educação do Crato é longo". Bacurau ressaltou que um plano de educação para os próximos dez anos foi elaborado e implantado, visando colher resultados já em 2016.
"Nesta semana, recebemos o resultado do Spaece-Alfa. O Crato ficou entre as últimos posições. Já esperávamos um resultado baixo, pois, em 2013, fizemos uma grande reestruturação na rede e é natural que haja um impacto, cujo reflexo veio no Spaece. No entanto, temos a certeza que, nas próximas edições, teremos um considerável salto diante da implantação de uma nova metodologia", ponderou.
No Crato, a proporção de crianças de 5 a 6 anos na escola é de 97,56%, conforme o senso de 2010. No mesmo ano, a proporção de crianças de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do Ensino Fundamental é de 86,59%; a proporção de jovens de 15 a 17 anos com Ensino Fundamental completo é de 60,49%; e a proporção de jovens de 18 a 20 anos com Ensino Médio completo é de 48,25%.
A cidade interiorana melhor colocada no IDHM foi Sobral, com índice 0,714. Em nível nacional, este município ocupa a 1.486ª posição. De 1991 a 2010, o IDHM da cidade passou de 0,406, em 1991, para 0,714, em 2010, implicando um crescimento de 75,8 pontos percentuais.
A exemplo do Crato, as dimensões que mais contribuíram para o IDHM do município foram Longevidade, com índice de 0,832, seguida de Educação, com índice de 0,675, e de Renda, com índice de 0,647. A Educação, aliás, tem sido destaque constante neste município.
As escolas públicas sobralenses estão em 1º lugar no Estado, na avaliação de aprendizagem dos alunos do 5º ano e do 9º ano do Ensino Fundamental. Os dados são do Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb) 2013. Com Ideb 7,8, o desempenho das escolas no primeiro ciclo do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) ficou bem acima da média do Ceará e do Brasil, que foi de 5,2, incluindo a avaliação das escolas privadas.
O secretário de Educação, Júlio César da Costa Alexandre, analisou que os resultados educacionais obtidos não advém de políticas pontuais, mas "de ações sistêmicas em que o professor é a essência, a engrenagem principal do projeto".
Para César, a Educação de Sobral se destaca nacionalmente devido a três eixos de atuação, dividindo-se no fortalecimento pedagógico (com ações centradas na formação de cada por professor por série); fortalecimento da gestão escolar (apoiando o professor em sala de aula e selecionando gestores por critérios meritocráticos) e a valorização do professor, com gratificações por produção.
Ele ressalta que o município possui uma política de alfabetização no tempo certo, onde todos os alunos até sete anos de idade estão alfabetizados. "Dessa forma, nosso estudantes avançam para séries posteriores mais preparados e capazes de lograrem êxito na escola", finalizou Júlio César.
Ceará
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) do Ceará é de 0,682, o que coloca o Estado na faixa de Desenvolvimento Humano Médio (IDHM entre 0,600 e 0,699). A dimensão que mais contribui para o IDHM com índice de 0,793, seguida de Renda, com índice de 0,651, e de Educação, com índice de 0,615. Nos últimos 24 anos, o IDHM do Ceará cresceu 68,40 pontos percentuais, saltando de 0,405 em 1991, para 0,682, em 2010.
André Costa
Colaborador

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