Brasília Dezesseis dias após o Senado e o governo anunciarem um pacote de projetos anticrise, a chamada Agenda Brasil, partidos governistas da Câmara, encabeçados pelo PT, lançaram ontem uma "Pauta da Virada", conjunto de propostas que, em boa parte, representa aumento de gastos aos cofres públicos.
As 15 legendas que assinam o manifesto - fora os nanicos, há PP, PR, PSD, PROS, PRB e PC do B- dizem esperar colaborar com a agenda negociada entre o Planalto e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Nos bastidores, o objetivo é criar um constrangimento ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adversário do governo, e tentar passar a imagem de que a Casa não investe em "pauta-bomba".
Entre os 26 itens elencados no documento, porém, há propostas que elevam os gastos públicos. É pregada, por exemplo, a necessidade de ampliar recursos para cultura, saúde, educação, pesquisa científica, mobilidade, moradia e saneamento básico, além de construir políticas para as carreiras e remuneração dos servidores públicos.
"Essa não é uma peça de marketing, são propostas efetivas para o País", discursou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), no ato de lançamento. Ele negou, de forma genérica, que o documento abra brecha para "pautas-bombas".
"Vamos discutir se (projetos específicos) elevam ou não elevam os gastos. O importante é abrir o diálogo. Mas não podemos criar expectativa de novos gastos", afirmou.
A Agenda Brasil capitaneada pelo Senado foi comemorada pelo governo como uma possibilidade real de Dilma Rousseff sair do isolamento político. Desde então, essa pauta de projetos vem sendo criticada por Eduardo Cunha, para quem há "muita espuma" no que foi proposto.
O documento apresentado pelos deputados governistas começa defendendo medidas para a redução dos juros básicos da economia e a manutenção do câmbio em "patamares que assegurem a competitividade da produção nacional". Prega ainda de forma genérica o apoio à exportação das grandes empresas e a defesa da Petrobras.
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