O ingresso do grupo liderado por Cid e Ciro Gomes ao PDT está definido, não mais apenas pelo desejo de sair do PROS por discordar de posições adotadas pela direção nacional da agremiação, como era anunciado.
A mea-culpa feita pelo presidente Eurípedes Júnior, nos últimos encontros com o pessoal do Ceará, foi acompanhada do compromisso de atender a todos os pleitos dos cearenses de modo a mantê-los no partido. De fato, a migração para o PDT será feita em razão do compromisso de os pedetistas bancarem a candidatura presidencial de Ciro Gomes em 2018, mas o PROS vai continuar com tentáculos por aqui, com chances de permanecer um liderado de Cid no seu comando.
A filiação de Ciro Gomes ao PDT, do modo como foi acertada, produzirá seus efeitos na política do Ceará só mesmo na disputa estadual de 2018. Mesmo colocando-o na cena nacional logo nas eleições municipais do próximo ano quando, por imperativo do seu próprio projeto de chegar à Presidência da República, terá de participar de campanhas nos grandes municípios brasileiros, com ênfase nas capitais, onde tenha um pedetista querendo ser prefeito, sem esquecer, evidente, de Fortaleza. Cid, contudo, vai ser o âncora em todo o Estado.
Impacto
Candidato a presidente da República, como das duas outras vezes, Ciro Gomes, por certo, será o majoritário no Estado, por conseguinte, com forte influência sobre o sucesso eleitoral dos candidatos a governador e senadores da sua aliança. E quem serão eles naquela oportunidade? Camilo Santana disputando a reeleição com Cid Gomes e Mauro Filho para o Senado? E Camilo abdica do PT para formar a dobradinha com Ciro, posto ser certo ter o seu partido um candidato próprio à sucessão da presidente Dilma, podendo ser o próprio Lula esse nome? A preferência para liderar a chapa estadual é dele, mas ele terá que mensurar as consequências do custo político a ser tomado.
São inúmeras as perguntas feitas já a partir de agora, no universo de elucubrações dos políticos cearenses, mesmo sendo outra a conversa jogada fora, para camuflar o impacto gerado com o anúncio da pretensa postulação presidencial do primogênito dos irmãos Ferreira Gomes, estimulada pela direção nacional do PDT, agremiação carente de assumir um projeto nacional, posto estar divorciada da linha de frente das disputas do cargo político maior da Nação, como protagonista, desde a morte do seu fundador e principal líder, Leonel Brizola, ex-governador dos estados do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro.
Espaços
As conversas entre a direção nacional do PDT e Ciro estão fechadas. Os discursos programados para o momento final, “quando setembro vier” não estão diretamente ligados a uma candidatura presidencial. Assumir essa postura não é conveniente, agora, sobretudo para o cearense, mas os pronunciamentos não ficarão tão ao largo da meta presidencial.
Ciro passa a ser, a partir do ato solene da filiação, um animador das bases partidárias, exercitando a sua verve e os conhecimentos acumulados sobre a administração pública, como prefeito, governador, secretário estadual e duas vezes ministro de Estado, ganhando os espaços nacionais hoje concentrados entre alguns governistas e uns poucos oposicionistas como o senador Aécio Neves e a ex-senadora Marina Silva, ambos candidatos a presidente no pleito anterior, passado, passando pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, conterrâneo de Ciro Gomes, pois ambos nasceram na cidade paulista de Pindamonhangaba.
Migração
Embora o projeto seja o de uma adesão em bloco, há resistência de alguns deputados e vereadores que cobram segurança jurídica para seus mandatos, temendo as consequências da legislação pertinente quanto à troca de partidos, sem justa causa, dos detentores de mandatos legislativos.
Os dirigentes do PROS teriam garantido não importunar quem saia da agremiação, mas os suplentes e os representantes do Ministério Público podem requerer a perda dos mandatos de todos considerados infiéis. A saída para esses reticentes quanto à mudança de sigla é apostar numa norma legal, criada pela Reforma Política em discussão no Congresso Nacional, denominada de “janela”, para a migração se dar com tranquilidade.
O deputado José Albuquerque, o mais afinado com a direção nacional do PROS, e responsável por toda a negociação para permitir que o grupo ficasse no partido, administra um entendimento para um dos aliados continuar dirigindo o diretório da sigla no Ceará, facilitando a permanência de alguns dos detentores de mandatos, além de correligionários do Interior onde seja difícil a convivência com os filiados ao PDT.
Outros
Integrantes do grupo de Cid, hoje em outras agremiações, como o PSD e outras, também podem se filiar ao PDT. Os deputados estaduais Leonardo Pinheiro, Osmar Baquit, Lucílvio Girão, Gony Arruda, Júlio César e Professor Teodoro, são alguns dos que aguardam apenas a decisão do chefe para se desligarem de seus partidos, onde estão, por acomodação feita antes das últimas eleições estaduais. Com eles, naturalmente, iriam lideranças municipais, incluindo prefeito e vereadores, mudando, consequentemente, o mapa político do Estado em 2016.
Edison Silva
Editor de Política
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