quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Fim da feira de animais em Quixadá revolta os criadores

A tradicional feira foi considerada como área vulnerável para o comércio de bichos ( foto: alex pimentel )
Quixadá. O dia amanheceu agitado neste município. O tráfego ficou congestionado no acesso ao Campo Novo, pela principal via de acesso ao bairro, a Avenida Presidente Vargas. Dezenas de caminhões transportando animais dificultam a passagem de outros veículos. Caminhoneiros e criadores que seguiram para esta cidade protestam contra o fechamento da Feira de Animais, local tradicional da comercialização de caprinos, ovinos e bovinos que chegam ainda na madruga das terças para as quartas-feiras de todas as regiões do Ceará.
Muitos feirantes estavam revoltados, principalmente por não terem sido avisados da interdição do espaço de comercialização, feita pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri). Segundo a gerência local da Agência, o motivo foi a falta de estrutura para recebimento dos animais, principalmente de grande porte e a possibilidade de riscos para os próprios feirantes. O Departamento Municipal de Administração de Bens e Serviços Públicos (Dmasp), responsável pela administração do Parque, não realizou os serviços necessários.
Enfrentamento
No início da manhã houve tumulto em frente ao Parque Municipal. A Polícia Militar foi acionada e resolveu isolar o local para evitar quebra-quebra e até confrontos. Alguns feirantes chegaram a enfrentar os policiais. Disseram que são trabalhadores e haviam chegado de muito longe, até de Iguatu e da Serra Grande, para comercializarem seus animais em Quixadá. Além dos prejuízos econômicos, os bichos também estavam sofrendo maus tratos, reclamaram.
Além da interdição da Feira, fiscais da Adagri realizaram blitz na rodovia de acesso a Ibicuitinga e Morada Nova, de onde partem muitos caminhões com criações. Cobravam a apresentação da Guia de Trânsito Animal (GTA). A ação deixou os criadores e motoristas ainda mais irritados. Muitos atribuíram os dois atos à perseguição política. Uma forma de desmoralizar a administração municipal.
Alheio as brigas políticas no município, o feirante Francisco Alberto Ferreira lamentava o prejuízo com a viagem de Baturité a Quixadá. Como faz há cerca de 20 anos, pretendia apenas comprar animais para levar para a sua região, onde a fruticultura é atividade principal. Além de não levar os bichos, ainda terá prejuízo de R$ 500,00. Esse é o valor do aluguel do veículo para realizar o transporte. Ele lamentou a situação e criticou tanto a Prefeitura como o Governo do Estado.
Riscos
Até o fechamento desta edição, a reportagem do Diário do Nordeste não havia conseguido manter contato com a Adagri e nem com o Dmasp. As linhas de telefone fixo e inclusive de celulares estavam com problemas. Todavia, em entrevista à rádio Monólitos o presidente da Adagri, Augusto de Souza, confirmou que a interdição do espaço de comercialização ocorreu em razão principalmente de riscos aos criadores, feirantes e animais.
O representante do órgão estadual de fiscalização ainda ressaltou que a solicitação para solução dos problemas vem ocorrendo desde 2013, quando a Prefeitura de Quixadá havia se comprometido em corrigi-los. Todavia as irregularidades continuavam, inclusive a falta de gerenciamento no local. Carros pequenos e motocicletas estavam entrando livremente na feira, e muita sujeira foram citados como alguns exemplos.
Apesar também da reportagem não ter conseguido manter contato com a administração do Dmasp, através da assessoria de comunicação da Prefeitura o responsável pelo órgão municipal havia confirmando a necessidade de alguns reparos. Mas foi solicitado um prazo maior para efetuar os serviços. Alguns deles já estavam sendo realizados, mesmo assim a Agência resolveu lacrar os portões da feira. A partir de março de 2013 a comercialização de animais começou a apresentar queda. Até aquele ano, circulavam em média 2 mil animais, a maioria de pequeno porte, mas com o prolongamento da estiagem o movimento caiu em média 50 %.

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