quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) registrou 23 mortes em conflitos no campo no Brasil até julho deste ano. A maioria dos casos aconteceu na região Amazônia, somente um não ocorreu nessa área. Os casos são assim dividido: o de uma liderança indígena Ka’por, no Estado do Maranhão, 11 mortes no Pará e 10 em Rondônia. A Bahia, fora da Amazônia, registrou mais um assassinato. No mesmo período do ano passado, foram registrados 20 mortes.

Segundo o representante da CPT, Ruben Siqueira, em entrevista à Adital, a tendência é que esse número aumente. "Existe um clima no Congresso Nacional muito conservador, de direita, paramilitar, acirrando os conflitos, reprimindo camponeses, o que favorece a violência”, alerta.
A maioria dos conflitos no campo acontece em torno de grandes obras de infraestrutura, principalmente energética. A constatação de que a maioria das mortes ocorreu em torno das usinas de Belo Monte e0 Tapajós [Pará], Jirau e Santo Antônio [Rondônia] confirmam isso. Os projetos tem um impacto grande sobre a vida dos povos que vivem na Amazônia. "As comunidades amazônicas são como obstáculos, o que provoca a violência e, assim, eles são as maiores vitimas”, afirma Siqueira.
A maioria das mortes no Pará incluiu camponeses sem terras, quando pressionados por fazendeiros a deixarem o pedaço de terra conquistado, mostrando outro foco de violência, que são situações de reforma agrária mal resolvidas.
Em Rondônia, houve duas tentativas de assassinatos por conflitos agrários, na região de Ariquemes e no entorno do Vale do Jamari (Buritis, Monte Negro, Campo Novo, Cojubim, Distrito Rio Pardo e Machadinho do Oeste). Foi nesta região que a violência se concentrou. Uma das mortes ocorreu enquanto a CPT realizava seu IV Congresso Nacional, na capital do Estado, Porto Velho, no último dia 15 de julho.
Outra tentativa de assassinato aconteceu em janeiro deste ano. O geógrafo Elizeu Bergançola sofreu um atentado a tiros. Ele continua sendo ameaçado por denunciar a extração ilegal de madeira de áreas extrativistas. Mais uma tentativa de assassinato aconteceu em maio último; o sem-terra Alexandre Batista de Souza foi baleado no Assentamento Nova Esperança, em Cojubim.
A crescente espiral de casos de assassinatos por jagunços, a mando de fazendeiros, donos de latifúndios, com denúncias não esclarecidas de policiais e milícias armadas envolvidas, é o que mais preocupa em Rondônia. De acordo com a CPT de Rondônia, o Governo do Estado tem apenas criado novos assentamentos, com acampamentos à beira da estrada e batalhas mal resolvidas há décadas. O aumento do desemprego na região, a população cada vez mais pobre enxerga no campo a fonte de seu sustento, o que estimula a ocupação de terras abandonadas.
Site da Adital 

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