Uma incidência que preocupa e reforça o alerta para uma maior conscientização acerca da doença: o câncer de mama, que somente no ano passado atingiu 2.060 mulheres no Ceará, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), continua avançando. Em 2015, já foram 1.900 novos casos no Estado, sendo 1.190 deles em Fortaleza. Com a proximidade do mês de outubro, época de conscientização nacional sobre a doença, o Instituto do Câncer do Ceará (ICC) chama atenção para os desafios ainda enfrentados em torno da doença.
Das mulheres já acometidas pela doença neste ano no Ceará, estima-se que 520 tenham morrido, destas, 310 na Capital. "No Brasil, a curva de mortalidade ainda continua subindo, possivelmente por dois fatores: por ainda termos uma cobertura de detecção precoce ruim e porque as nossas mulheres ainda não têm acesso completo ao tratamento", disse o médico e chefe do serviço de mastologia do ICC, Pimentel Cavalcante. No workshop realizado para a imprensa, ontem, médicos da unidade de saúde explicaram a prevenção, além de mitos e verdades sobre a doença.
A prevenção a tempo é o melhor remédio contra a patologia, que muitas vezes avança de forma silenciosa. Essa iniciativa, no entanto, precisa avançar. Conforme Pimentel, do total de 30 milhões de mulheres no País entre 40 e 70 anos de idade - quando se faz necessário a realização de exames periódicos - apenas um quarto realiza a mamografia. "Normalmente, uma mulher tem cerca de 10% a 14% de chance de ter câncer durante a vida, mesmo sem ter nenhum fator de risco. Uma em cada oito mulheres vão ter câncer de mama durante a vida. No Ceará, a gente espera em torno de 2 mil mulheres com a doença somente neste ano", ressalta.
Acesso
Para o superintendente clínico do ICC, Reginaldo Costa, trabalhar o conceito de tratamento humanizado é, muito além do que promover uma abordagem mais carinhosa, garantir o acesso universal ao sistema de Saúde. "Existe uma dificuldade relacionada à questão da informação. O fruto disso é uma desinformação da população em relação à prevenção precoce. Temos o desafio de garantir o acesso, e isso está diretamente ligado a um diagnóstico mais rápido. Infelizmente, nós temos uma maioria de pacientes que acessam o serviço em uma fase muito avançada da doença".
Felizmente, não foi o caso de Maria Eurides de Oliveira, 71, do município de Trairi. Em tratamento contra a doença há mais de um ano na Capital, a aposentada atentou para o problema depois de um autoexame. "Estava conversando com uma amiga que me explicou sobre isso, então eu fiz, percebi um nódulo e procurei um médico", conta. Hoje, depois das sessões de quimioterapia e da cirurgia para a retirada do tumor, ela espera pela radioterapia para ficar livre da doença. "Estou confiante", diz.
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