Brasília. Diante do apoio recebido na Câmara dos Deputados pelo movimento em favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o Palácio do Planalto passou a apostar no Senado como a última e mais segura barreira para evitar a interrupção deste segundo mandato da petista.
O Senado é responsável por dar seguimento ao processo após a Câmara dos Deputados autorizar sua abertura. Na quinta (17), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu o pedido de impeachment assinado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior. O texto tem o apoio de uma frente de oposição e é considerado como sendo o mais bem fundamentado dos 13 que estão na Casa.
Por causa disso, na sexta (18), o ex-presidente Lula se reuniu com Cunha para pedir a ele que não leve adiante o pedido. No entanto, o diagnóstico do governo é de que o presidente da Câmara, rompido com Dilma, não deverá acatar o pedido de Lula.
Diante dessa adversidade, os governistas mapearam o apoio a Dilma no Senado e já iniciaram o corpo a corpo com a base de apoio à presidente. Desde agosto, o governo melhorou as relações com o presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o que favorece as articulações.
"Não podemos brincar. Está todo mundo atento ao andamento na Câmara", afirmou o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS).
Nas contas do Planalto, haveria 43 votos a favor do impeachment no Senado. Esse número asseguraria a permanência de Dilma na Presidência. Para que ela seja impedida de concluir o mandato são necessários ao menos 54 senadores a favor.
Termômetro
O mapeamento dos votos do governo também foi feito no calor das discussões da cúpula do Planalto a respeito da próxima sessão do Congresso Nacional, prevista para amanhã. Na ordem do dia, estarão os vetos presidenciais à chamada "pauta bomba", integrada por propostas que podem elevar os gastos do Executivo. A derrubada de algum veto será considerado um termômetro pelo governo para o processo de impeachment.
A avaliação de integrantes da cúpula do Senado e até lideranças de oposição da Casa é a de que, ao contrário da Câmara, o processo ainda não "está maduro" para o impedimento da petista. Essa foi a constatação feita na quarta (16), quando líderes do PMDB se reuniram com Renan.
O entendimento inicial é de que as reações contrárias da base e do próprio PT aos principais itens do novo pacote deixarão o ambiente sob uma nuvem de 'total incerteza" quanto aos rumos do atual governo.
No encontro, parte dos presentes considerou que não cabe à cúpula do Senado, neste momento, incentivar um "rompimento democrático". Parte do grupo ligado a Renan Calheiros tem o entendimento de que, em meio à falta de solução para as crises política e econômica, assumir o comando do País com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) traria apenas desgaste à legenda, que trabalha para lançar uma candidatura presidencial em 2018.
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