quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Estado vai apurar desvio de água para carcinicultura

As águas do rio Jaguaribe chegam a Fortaleza e Região Metropolitana para, especialmente, para atender as demandas das populações. O desvio vem sendo notado, principalmente, entre produtores de camarão ( FOTO: HONÓRIO BARBOSA )
Limoeiro do Norte Dois meses após o encerramento da quadra invernosa no Ceará, uma das piores nos últimos 50 anos segundo os órgãos oficiais do Governo do Estado, a disputa por água começa a se acentuar no Interior do Ceará. O quadro mais recente dessa situação pode ser observado no Baixo Jaguaribe, onde estão situados 11 municípios, dentre eles Russas, Limoeiro do Norte, e Jaguaruana, que juntos concentram uma grande quantidade de lavouras e criatórios de camarão. Para manterem suas produções, estão captando ilegalmente a água do rio. Essa prática poderá comprometer o abastecimento de Fortaleza.
Conforme denúncia publicada na manhã de ontem no Diário do Nordeste on line pelo jornalista Egídio Serpa, quem possui lavouras nas proximidades do rio está desviando água para o cultivo de arroz, cana de açúcar e milho. Além dessas culturas irrigadas, a água também está sendo desviada para áreas onde há plantio de frutas e a criação de camarões. A captação de água, com a utilização de motores-bomba, sem autorização, é ilegal. Os proprietários rurais denunciados não têm outorga da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) para o uso da água do Jaguaribe.
Diante das denúncias, o governo do Estado resolveu criar uma força-tarefa de fiscais da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), da Cogerh, da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e do Ministério Público, que, com o apoio de escolta policial, deverá fiscalizar as propriedades para apreender os motores utilizados no desvio da água, inclusive na criação de peixes. Há poucos dias, a equipe especial havia constatado as irregularidades num sobrevoo de helicóptero, acrescentou o colunista Egídio Serpa.
Irregularidade
O gerente Regional da Cogerh, responsável pela Bacia Hídrica do Médio e Baixo Jaguaribe, Francisco Almeida Chaves, confirmou a irregularidade praticada por alguns produtores, principalmente quem se dedica à carnicicultura, cultura da criação de camarões. A maioria dos infratores já foi identificada, todavia, seu órgão não tem poder de polícia. Porém, estão sendo lavrados autos. Os documentos também são encaminhados ao Ministério Público. Mas boa parte dos produtores está cumprindo as orientações estabelecidas nas reuniões realizadas pelo Comité da Bacia.
Ainda conforme o representante da Cogerh, o principal problema provocado pelo desvio ilegal está na redução do nível do rio Jaguaribe no trecho de 160Km, do açude Castanhão até o município de Itaiçaba. Com pouco volume, a "onda", um recurso técnico responsável pela formação da corrente da água para Fortaleza, Aracati e Itaiçaba, no fim do curso, acaba sendo obstruída, não chegando aos seus destinos. Com a continuidade da prática irregular, além da capital, as outras duas cidades estão começando a ser o abastecimento comprometido, explicou.
A reportagem procurou manter contato com o diretor de Planejamento da Cogerh, Ubirajara Patrício Silva, responsável pelos esclarecimentos técnicos acerca da situação do desvio de água no Jaguaribe. Conforme a assessoria da Companhia, também caberá a ele a coordenação das ações para inibir a prática ilegal.

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