São Paulo. A primeira reunião do recém-criado Conselho Consultivo do PT, realizada ontem, em São Paulo, com participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, virou espaço de pressão do partido por mudanças na política econômica do governo Dilma Rousseff. Participantes disseram que, com a atual política econômica, será difícil mobilizar militantes para irem às ruas contra os pedidos de impeachment.
Eles concluíram que não existem motivos jurídicos para o afastamento de Dilma. Restam, portanto, os motivos políticos, que devem ser combatidos nas ruas, por meio de mobilizações populares. "É muito difícil engajar amplos setores populares em nossa defesa se as ações do governo contribuem para a recessão e o desemprego", escreveu o dirigente petista Valter Pomar, que reproduziu o texto no encontro.
Juros como prioridade
Na saída da reunião, o presidente do PT, Rui Falcão, disse, em entrevista coletiva, que foi discutida a necessidade de mudanças na atual política econômica do governo de Dilma Rousseff. "Especialmente, iniciando com a queda na taxa de juros", pontuou. Atualmente, mesmo com o cenário recessivo na economia, os juros seguem em seu maior nível em nove anos, desde julho de 2006, com a taxa Selic em 14,25% ao ano.
Falcão defendeu, ainda, a promoção de mudanças tributárias "maiores do que as que estão propostas", como as que recaem sobre lucros e dividendos sobre ganhos de grandes heranças e fortunas. "Precisamos, no médio prazo, de uma grande reforma tributária que mude a base do sistema, que incida mais sobre a propriedade e riqueza e menos sobre produção e salário".
Além de Lula, a reunião do conselho contou com a presença dos governadores Tião Vianna (AC) e Wellington Dias (PI), do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e de intelectuais como o escritor Fernando Morais.
Ontem, Rui Falcão confirmou, nas redes sociais, que o PT vai entrar com uma ação judicial contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. O ministro é acusado de falar "impropérios" na sessão do Supremo que julgou o fim do financiamento privado de campanhas eleitorais.
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