quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Renovação do PT ainda enfrenta dificuldades

O deputado federal José Airton Cirilo lamenta que, hoje, o partido tenha menos critérios no momento de aceitar novas filiações à sigla ( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
Apesar de diversos segmentos dentro do PT defenderem que a agremiação precisa voltar às origens e assegurar maior aproximação com o movimentos sociais, petistas reconhecem que pouco tem sido buscado nesse sentido. Representantes do partido alegam que o momento de instabilidade enfrentado pela sigla tem travado ações práticas.
Os critérios adotados para filiações, estratégias para as eleições em 2016 e incógnitas sobre como garantir a aproximação com movimentos sociais são temas que dividem diferentes setores do partido, também adiando qualquer ação que vá ao encontro dos discursos adotados.
O deputado federal José Airton avalia que a prioridade do partido é assegurar a aproximação com os movimentos sociais, mas admite que pouco tem sido feito. Ele cita que, no âmbito do Estado e do Governo Federal, esforços foram buscados neste sentido, mas são limitados, permanecendo o vácuo entre o partido e suas bases sociais.
"O governador Camilo Santana até colocou Acrísio Sena na articulação com os movimentos sociais. É boa iniciativa, mas o Governo do Estado como um todo precisa estar mais afinado. Só colocar um dirigente numa Pasta não é suficiente. Assim como o Governo Federal. Até pela distância de Brasília com as bases nos Estados, cria-se um vácuo muito grande. Atinge segmentos muito limitados", defende.
José Airton também ataca a flexibilização no processo de filiação ao estabelecer a comparação com períodos anteriores. "Para entrar no partido, o PT tem um processo ritual que exige debates, mas antigamente era até mais rigoroso, porque qualquer filiado só entrava a partir de um núcleo de base. Hoje está mais aberto. A participação nas plenárias é exigida, mas é um processo mais formal", diz.
Na coordenação de articulação do Governo do Estado com movimentos sociais, Acrísio Sena alega que a instabilidade do partido impede a sigla de construir qualquer estratégia mais sólida que garanta a superação dos principais desafios da legenda.
"Esse grau de instabilidade dificulta muito ter uma direção de posicionamento. É preciso estabilidade para pensarmos numa estratégia de linha de conduta. Buscar a estabilidade política, resolver entre Executivo e o Legislativo, resolver essa relação com os movimentos sociais", explica.
Fôlego
Acrísio acredita que essa estabilidade possa chegar em 2016. "Esse é um processo que vai demandar tempo e que precisa de muito debate interno. A expectativa é entrar em 2016 com mais estabilidade para pensarmos um projeto com mais fôlego".
O presidente estadual do PT no Ceará, De Assis Diniz, pontua que a direção na legenda no Estado tem garantido algumas ações que fortalecem o diálogo interno da sigla com a base. Entretanto, de acordo com o dirigente, o debate ainda está em processo.
"O partido já teve muita expressão e, ao longo dos últimos anos, ficou muito limitado a capacidade de interlocução. Resgatar isso é fundamental. (O PT) tem valorizado muito esses espaços", salienta.
Quanto ao processo de filiação, De Assis Diniz explica que falta consenso sobre como tratar a questão. Ele defende que, embora seja necessário o controle preventivo de quem ingressa na agremiação, deve-se evitar os riscos de que a burocracia estabelecida seja instrumentalizada para acirrar as disputas internas.
Resolução
O petista aponta que, após a eleição do governador Camilo Santana (PT), resolução da agremiação estabelece que qualquer nome interessado em ingressar na sigla deve garantir a anuência não somente da direção municipal, mas do comando estadual.
Embora representantes da legenda defendam a expulsão de membros envolvidos em escândalos de corrupção, a maioria ainda questiona as decisões judiciais, como a condenação do ex-tesoureiro petista Vaccari Neto.
José Airton acredita que a legenda age certo ao adiar sanção contra João Vaccari Neto, alegando que a Justiça agiu foi parcial. A opinião dele é apoiada pelo dirigente De Assis Diniz. "A condenação dele foi completamente parcial. O candidato Aécio Neves recebeu muito mais da UTC do que o PT e não teve nenhuma investigação", critica José Airton Cirilo.

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