quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Servidores estão parados há 160 dias em Barbalha

O movimento paredista vem se alastrando pelos postos de saúde, comprometendo os serviços de atendimento primário ( Foto: André Costa )
Barbalha. Hoje completa 160 dias desde a deflagração da greve dos servidores municipais nesta cidade. Ao todo, 120 profissionais da área da saúde aderiram ao protesto "sem previsão para acabar", conforme a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Barbalha (Sindmub), Jaqueline Filgueira de Sá Barreto.
Dentre as principais reivindicações, estão reajuste salarial, realização de concurso público, melhores condições de trabalho, além de uma lei municipal para legalizar o repasse de incentivo do Programa de Melhorias do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ-AB), hoje repassado por meio de decreto. "Queremos que o valor seja repassado por um projeto de lei. Decreto, o prefeito cumpre e descumpre quando quiser", lembrou Jaqueline.
A sindicalista classifica como "desumanas" as condições em que muitos profissionais exercem suas funções. Segundo Jaqueline, diversos PSFs apresentam problemas nas instalações elétricas, rachaduras e "não há sequer medicamentos ou instrumentos de trabalho para médicos e enfermeiros".
"A paralisação não é só pela defasagem salarial, mas por acréscimo no quadro de profissionais que possam atender à grande demanda do município, além de requererem equipamentos de trabalho, reformas dos prédios que abrigam as unidades de saúde, dentre várias outras questões", acrescentou a presidente do Sindicato.
Tentativas
Conforme o Sindmub, durante o ano, já foram encaminhados 27 ofícios ao prefeito José Leite Gonçalves Cruz, "todos sem retorno algum". "A greve chega a 160 dias sem nenhuma proposta do prefeito, que se mostra intransigente. Ele não nos recebe, não envia nenhum representante, não mantém nenhum diálogo com a classe", diz Jaqueline.
Como alternativa para tentar mediar as negociações entre o Sindicato e a Prefeitura, a direção do Sindmub acionou o Ministério Público por três vezes. O órgão marcou audiência entre as partes, entretanto, o prefeito não compareceu.
Mesmo com a determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que exige 50% dos profissionais atuando nos PSFs da Zona Rural e Urbana, a presidente do Sindicato, Jaqueline Ferreira, lembrou que a população mais carente tem sofrido com a falta de atendimento.
"Estamos operando na parte laboral com 50% do nosso quadro, entretanto, nosso objetivo não é prejudicar a população, mas temos que manter vivo o movimento e tentar sensibilizar o prefeito que tem sido insensível com a causa".
Postos
Segundo a direção do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Barbalha (Sindmub), apenas 17 médicos, todos do Programa Mais Médicos, continuam atendendo; já entre enfermeiros e dentistas apenas cinco, dos 34 continuam trabalhando. Em quase seis meses de greve, 120 profissionais já estão paralisados no município.
A suspensão prejudica, especialmente, os serviços primários mantidos pelas unidades de saúde, instaladas tanto na sede quanto nos distritos.
O movimento já atinge 22 postos de saúde, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS infantil), o Centro Materno Infantil, o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), Farmácia popular e o Centro de Abastecimento Farmacêutico (CAF).
A reportagem do Diário do Nordeste tentou entrar em contato com o prefeito José Leite Gonçalves Cruz, mas não conseguiu. A secretária de Saúde, Desirée de Sá Barreto Diaz Gino, também não foi localizada.

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