terça-feira, 6 de outubro de 2015

Acusada de matar o filho envenenado irá a Júri Popular

Cristiane Renata Coelho Severino está recolhida em uma cela isolada no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa ( Foto: Kid Júnior )
Crime aconteceu na residência onde a família vivia, no bairro Dias Macêdo, em Fortaleza; o veneno dado à criança foi misturado ao sorvete de morango
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A Justiça decidiu que Cristiane Renata Coelho Severino, acusada de envenenar o filho de nove anos e tentar matar o marido, em 11 de novembro de 2014, irá a Júri Popular. O juízo pronunciou a ré pelo homicídio triplamente qualificado de Lewdo Ricardo Coelho Severino, que era autista, e pela tentativa de homicídio contra o subtenente do Exército Brasileiro (EB) Francilewdo Bezerra Severino. A determinação foi expedida, ontem, pela juíza Daniela Lima da Rocha, que responde pela 3ª Vara do Júri de Fortaleza.
A magistrada diz em sua decisão que "o conjunto de informações prestadas pelas testemunhas e pela vítima sobrevivente, afigura-se apto a diluir e fragilizar a versão apresentada pela acusada e a acender sobre ela os holofotes da autoria delitiva, cujos indícios, também encontrados na prova pericial, afiguram-se suficientes para enviar a ré ao julgamento pelo Tribunal Popular do Júri".
A juíza também manteve a prisão preventiva de Cristiane Coelho. "Considerando que não sobreveio nenhum fato novo que desconstrua os fundamentos invocados para a decretação da prisão preventiva da acusada, mantenho-a custodiada até ulterior deliberação", declarou Daniela Rocha.
O advogado Walmir Medeiros, que atuou na defesa de Francilewdo Bezerra e agora é assistente de acusação no processo, diz que as provas contra a ré são muitas. "Está muito claro que ela é a autora dos crimes. Não existe mais nenhuma discussão sobre isto. É só não deixarmos a defesa criar dúvidas no júri", afirmou.
Conforme Medeiros, os laudos expedidos pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce), o depoimento das testemunhas e outros dados recolhidos pela Polícia durante o inquérito dificilmente poderão ser contestados. "Juntando tudo temos cerca de 100 provas contra ela. São indícios incontestes da culpa da Cristiane".
Segundo o advogado é possível que o júri ainda aconteça neste ano, mas para isto é preciso que não aconteça nenhuma alteração na agenda do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE).
O advogado Paulo Quezado, que representa Cristiane Coelho, disse que vai recorrer da decisão ao TJCE, por meio de um recurso em sentido estrito. Ele afirmou que também irá recorrer da decisão da manutenção da prisão de sua cliente.
Quezado declarou que só vai apresentar seus argumentos de defesa da ré quando a determinação judicial for publicada.
Atualmente Cristiane Renata está sendo custodiada no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa. Ela é mantida em uma cela, isolada das outras detentas, para que não corra riscos.
O caso
A suspeita da Polícia sobre a culpa de Cristiane Coelho na morte do filho se deu após uma reviravolta no caso. A princípio, o sub-tenente do Exército Brasileiro (EB) Francilewdo Bezerra, foi considerado o autor do crime. Segundo Cristiane disse à Polícia, ele teria lhe agredido, matado o filho e tentado se matar.
O militar ficou 32 dias internado no Hospital Geral do Exército, oito destes em coma. Quando acordou, Bezerra negou as afirmações da esposa. A versão do militar foi sendo corroborada aos poucos. O primeiro indício contra a mulher foi a edição de uma postagem de Francilewdo em uma rede social, quando ele já deveria estar desacordado.
Depois de diversas perícias e exames realizados pela Pefoce, o delegado Wilder Brito, titular do 16ºDP (Dias Macedo), concluiu que Cristiane Renata havia premeditado o crime. "A criança foi envenenada primeiro; ela colocou 'chumbinho' no sorvete de morango que ele gostava. Depois deu o popular 'Boa noite Cinderela' no marido, colocando Rivotril em uma taça de vinho que ele tomou. Nas taças seguintes ela colocou veneno. O militar foi envenenado gradativamente naquela noite", declarou.

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