Itapipoca. A Agroecologia e a economia social e solidária são preocupações das comunidades sertanejas na atualidade. Dentro dessa perspectiva, de convivência com o Semiárido, a busca por melhores dias vem sendo perseguida pelo homem do campo. Palestras, encontros e troca de experiências são ferramentas utilizadas para facilitar o entendimento sobre isso.
Na semana passada, com o tema "Ousamos e Acreditamos! Vem com a gente na ciranda da Agroecologia", foi realizado nesta cidade, o X Encontro Territorial de Agroecologia e Socioeconomia Solidária (ETA), promovido anualmente pela Rede de Agricultoras e Agricultores Agroecológicos e Solidários do Território Vales do Curu e Aracatiaçu, Fórum Microrregional pela Vida no Semiárido, Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) e Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra); que tem, ao longo de suas edições um momento de partilha, fortalecimento e construção do conhecimento Agroecológico.
O evento, que reuniu cerca de 350 participantes dos Vales do Curu e Aracatiaçu, celebrou o momento atual vivenciado por agricultores agroecológicos, momentos de intercâmbio, troca de experiências com debates acerca dos modelos de desenvolvimento em curso no Brasil.
A falta de demarcação das terras indígenas no Ceará, assim como os casos de crimes contra povos originários, a urgência da reforma agrária, do feminismo, da convivência com o Semiárido, o combate aos agrotóxicos e sementes transgênicas e a afirmação da Agroecologia foram amplamente discutidos.
Segundo Neila Santos, da coordenação do Cetra, "esse X ETA tem o propósito de fortalecer a Agroecologia no território a partir da discussão do que vem se construindo, quais os avanços, desafios e o que a gente tem como compromisso para o seu fortalecimento", disse, e finalizou, "no I ETA, nós só tínhamos três experiências para conhecer, neste ano, selecionamos 14, dentre as muitas experiências exitosas que hoje temos no território", afirmou.
Importância
Para Deiciane Braga, do Assentamento Batalha, "esse ano foi a primeira vez que a juventude da minha comunidade se apresentou no ETA e espero que venham outras apresentações. O jovem precisa aprender, desde cedo, a importância da sua comunidade, como se deu a luta, a conquista. Muitas vezes, os jovens veem a comunidade como uma prisão. Ele pensa: ah, quando eu terminar meus estudos vou embora porque aqui eu não tenho muito futuro. Mas, com a exposição fotográfica, foi possível ver a comunidade com um novo olhar", finalizou Deiciane.
Agroecologia
O encontro contou com a participação de Paulo Petersen, que é representante da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, associação de direito civil sem fins lucrativos, que atua desde 1983 no fortalecimento da agricultura familiar.
Paulo Peterson é um dos grandes nomes no Brasil em Agroecologia. Ele afirma que, no seu entendimento, "existem duas formas de ver o território: como lugar de vida e como lugar de produção, somente. A essência da agricultura familiar camponesa, indígena é reproduzir vida. A nossa semente crioula é uma forma de reproduzir vida. A semente do mercado não nos serve", acrescentou.
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