sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Alcântaras se mobiliza para combate à dengue

Os agentes de endemias buscam as larvas do mosquito em todos os bairros da sede de Alcântaras e também na zona rural ( Fotos: Mrcelino Júnior )
De acordo com o levantamento da Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde de Alcântaras, apesar da grande incidência, não houve registro de mortes
Alcântaras. Em março deste ano, a dona de casa Luciene Araújo, moradora do Bairro Bela Vista, na sede deste município, localizado na Serra da Meruoca, no norte do Estado, começou a sentir fortes dores pelo corpo, febre e um constante mal- estar que persistiu por cerca de dois dias. Ao procurar o Posto de Saúde, Luciene foi informada que existia forte suspeita para o diagnóstico de Dengue. "Eu tomei os remédios e com o tempo voltei a fazer os trabalhos de casa, e recuperei a saúde".
Em maio, os sintomas voltaram com força total. O resultado de mais uma visita ao Posto de Saúde confirmou que a dona de casa contraía a doença mais uma vez. "Nessa segunda vez, eu fiquei bastante fraca, sem ânimo para nada e com dores pelo corpo, que me deixaram de cama por dias", afirmou. Luciene mora no Morro Santo Antônio um dos pontos mais altos da cidade, e localizado no Bairro Bela Vista, um dos cinco do município, e o maior em incidência de Dengue, com 50% dos casos registrados em toda a sede.
Outros bairros
A aposentada Maria Gomes Alcântaras, moradora do Centro, também teve dengue, juntamente com a família. Todos contraíram a doença entre os meses de março e maio, deste ano. Período em que, de acordo com informações da equipe de combate às endemias do município, houve uma subida alarmante. Dos 801 casos notificados, entre março e junho, 518 foram confirmados. Com picos em abril 139 confirmações para 183 registros, e maio, de 222 confirmações para 307 notificações. O município conta com 14 agentes de endemias, que se desdobram para dar conta dos atendimentos domiciliares.
Para Eduardo Alcântaras, agente de combate às endemias, "no ano passado, o município mantinha em menos de 1% os números da doença. O que se observa, é que essa alta nos índices de infestação para dengue coincide com o fim da quadra invernosa e a chegada de cisternas para a zona rural, que também teve aumento dos casos. Acreditamos que esses equipamentos tenham vindo dos depósitos, em Fortaleza, com ovos, que teriam eclodido, após as chuvas", acredita.
Eduardo chama atenção para outra questão, "apesar de queda nos índices, não nos foi repassado, pela Secretaria da Saúde, o larvicida, necessário para eliminar as larvas. Ainda estamos sem esse produto. Continuamos com as visitas periódicas e orientações sobre o cuidado com os depósitos que acumulam água, como as caixas que ficam por trás de geladeiras, que também podem servir de criadouros para o mosquito", alertou. Este ano, Alcântaras entrou para a lista dos municípios brasileiros com maiores taxas de incidência, segundo o Ministério da Saúde.
No boletim informado, que aponta Fortaleza, Varjota, Jaguaribara e Alcântaras entre as vinte localidades que registraram mais ocorrências prováveis da doença em até 100 mil habitantes, o município de 11 mil habitantes, atingiu incidência de assustadores 6.801,8 casos notificados, entre janeiro e agosto, figurando na 2ª colocação dentre as cidades brasileiras que registraram a doença. Varjota, também na região norte, ocupa a 3ª colocação com 3.318,4, e Jaguaribara com 2.791,2 notificações, segue em 4ª posição nacional nos números da doença.
De acordo com o levantamento da Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde de Alcântaras, não houve registro de mortes. O município conta com oito PSFs, um deles, voltado ao atendimento de moradores da zona rural; seis médicos, que se revezam nos PSFs. "Não temos hospital, mas contamos com a Unidade Básica de Saúde Antônio Rocha Freire, que ampliou de oito para 16 o número de leitos e reforçou as equipes para dar assistência aos pacientes por 24 horas", contou Elizete Guimarães, enfermeira técnica da Secretaria de Saúde local.
Laboratório
Ainda segundo a enfermeira, "por conta da grande demanda nos atendimentos do Laboratório Central, na capital, a Secretaria também contratou, nos meses de maior incidência de atendimentos relacionados à dengue, um laboratório para os exames de hemograma, que levavam de 15 dias a um mês para voltar do Lacen. Realizados na cidade, os resultados eram obtidos no mesmo dia da consulta, agilizando a administração dos medicamentos".
Na zona rural, o posto que é referência no atendimento de saúde dos agricultores também registrou números alarmantes, como os ocorridos entre os meses de maio, com 156 ocorrências de dengue, para 446 atendimentos; junho, com 206 ocorrências num total de 577 pessoas atendidas; e julho com 121 pessoas com os mesmos sintomas, de um total de 505.
De acordo com Francisco dos Santos Gomes, responsável pelo Posto, "observamos que os maiores picos de dengue na zona rural, foram registrados meses após a quadra invernosa. Já, a partir do mês de julho, esses números têm registrado queda, como por exemplo, em setembro, onde não houve nenhum caso atendido aqui no PSF", afirmou.

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