sábado, 3 de outubro de 2015

André Figueiredo é oficializado ministro

André Figueiredo era o líder do PDT na Câmara dos Deputados e havia declarado a independência da sigla em relação ao Governo Federal ( FOTO: Agência PT )
O novo ministro das Comunicações, o deputado federal André Peixoto Figueiredo, é o nono cearense a comandar uma pasta no primeiro escalão do Palácio do Planalto desde o governo Itamar Franco. Ele chega ao cargo diante de uma delicada crise política e econômica, após reforma ministerial da presidente Dilma Rousseff para tentar acalmar os ânimos de uma rebelde base de aliados. A nomeação de André Figueiredo, que representa a cota do PDT, foi recebida por lideranças do partido entre manifestações de apoio e de críticas.
O deputado federal cearense, que tem 48 anos, era o líder da bancada pedetista na Câmara e adotava discurso crítico, nas últimas semanas, em relação à política econômica do Governo e ao ajuste fiscal implementado pela União. Em agosto, André Figueiredo anunciou no plenário da Casa que o partido estava saindo da base aliada do Planalto, declaração que posteriormente ele tentaria minimizar.
Oficializado ministro das Comunicações, André Figueiredo declarou, em Brasília, na tarde de ontem, que o PDT continuará sendo independente. "Nós deixamos claro para a presidente (Dilma) que não é função ministerial que vai fazer o PDT mudar sua posição", informou. "Minha missão, agora no Ministério (das Comunicações), é também poder contribuir com antecedência no envio de projetos que possam desagradar os princípios do nosso partido", declarou, acrescentando que continuará contra a recriação da CPMF.
O ministro reafirmou ser contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas ponderou que o PDT vai continuar com o tom crítico ao modelo econômico defendido no ajuste fiscal. "A presidente Dilma sabe disto", ratificou, completando que o partido deseja contribuir para a saída das crises política e econômica.
Troca
Questionado sobre a indicação do correligionário para assumir as Comunicações, o líder do Governo do Estado na Assembleia Legislativa, deputado Evandro Leitão (PDT), apontou que houve apenas uma troca, já que a sigla comandava o Ministério do Trabalho, com Manoel Dias, pasta fundida à Previdência. "O que vejo é que ela está mantendo o status quo e levando um quadro que vem se destacando nacionalmente e que já foi o líder do PDT na Câmara", destacou.
Já na opinião do senador Cristovam Buarque (PDT/DF), a insatisfação pública do PDT contra o Governo torna contraditória a adesão ao Planalto. "Acho muito contraditório entrarmos no governo Dilma depois de metade da bancada do PDT no Senado ser contra o Governo e a totalidade da Câmara ter se manifestado contra o Governo", declarou. E completa: "A impressão que passa hoje no Brasil é que aquela manifestação de independência foi só para conseguir cargos".
Cristovam Buarque deixa claro que o ministro André Figueiredo tem competência para ocupar o cargo, mas afirma discordar do momento em que a sigla adere ao Governo Federal.
"Quando se fala no nome André Figueiredo, acho um ótimo nome, mas ser ministro da Dilma nesse momento acho um desastre para o PDT, gostaria muito de ver o André como ministro de um governo que está começando e não de um governo que, a meu ver, está terminando", criticou Buarque, pretenso candidato a presidente da República que, com o ingresso de Ciro Gomes no PDT, viu se distanciar a chance de disputar em 2018.
Ministros cearenses
Antes de André Figueiredo, outros ministros cearenses já passaram pelo Governo Federal. Nascido em São Paulo e radicado no Ceará, Ciro Gomes foi ministro da Fazenda do Governo Itamar Franco e assumiu novamente o primeiro escalão no Governo Lula, no Ministério da Integração Nacional. Já Beni Veras, cearense de Crateús, foi ministro do Planejamento de Itamar Franco.
Pedro Brito, economista nascido em Fortaleza, foi ministro da Integração Nacional de 2006 a 2007 e depois assumiu a titularidade da Secretaria Nacional dos Portos, com status de ministério, ambos no Governo Lula. O maranguapense Martus Tavares foi ministro do Planejamento do Governo Fernando Henrique Cardoso, de 1999 a 2002.
O senador Eunício Oliveira, do PMDB, já ocupou, durante o Governo Lula, o mesmo cargo a ser assumido por André Figueiredo. O peemedebista foi ministro das Comunicações de 2004 a 2005. Leônidas Cristino, deputado federal do PROS que estuda filiação ao PDT, foi ministro dos Portos no primeiro mandato do Governo Dilma Rousseff. O cearense Francisco Teixeira foi ministro da Integração Nacional de 2013 a janeiro de 2015. Já Paulo Lustosa e Vicente Fialho foram ministro no governo do presidente José Sarney, nos anos 1980.
O último ministério ocupado por um cearense havia sido o da Educação, no qual o ex-governador Cid Gomes ficou por menos de três meses, até março deste ano. Ele saiu do cargo em meio a uma polêmica com o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha. À época, Cid disse que a maioria do Congresso era formada por "achacadores". Convocado para se explicar na Câmara, ele ratificou a acusação.

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