terça-feira, 6 de outubro de 2015

Atrasos no 'Minha Casa, Minha Vida' persistem

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) estima um volume em atraso de, pelo menos, R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão
São Paulo/Fortaleza. O governo voltou a atrasar pagamentos às empresas participantes do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV), de acordo com representantes do setor da construção civil. A insatisfação com o problema que, segundo os executivos, já se tornou recorrente e tem aumentado as discussões a respeito de uma possível paralisação de obras nesta semana, embora nenhuma decisão nesse sentido tenha sido tomada ainda.
No Ceará, os atrasos variam de 60 a 90 dias, de acordo com o presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro. "Não tem empresa que sobreviva a essa inadimplência. E o pior é que o governo multa as construtoras que não entregam as obras dentro do prazo, o que é um equívoco", afirma.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, afirmou que o governo ainda não quitou obrigações em outubro ou notificou as empresas sobre os planos para futuros pagamentos. Segundo ele, a ausência de pagamentos e de informações difere dos acordos entre governo e entidades da construção.
"Nós aceitamos um novo cronograma de prazos de pagamentos e de ritmo de obras, mas eles o governo não pagaram no prazo. O fluxo de pagamentos que propuseram não foi cumprido", afirmou o executivo, que estima um volume em atraso de, pelo menos, R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão. No final de junho, a Cbic firmou um acordo com o governo, no qual os desembolsos do Minha Casa Minha Vida seriam feitos em 30, 45 e 60 dias, de acordo com porte da empresa.
André Montenegro não tem o valor atual da dívida no Ceará. Mas, no início do mês passado, como informou o Diário do Nordeste, o governo havia pago R$ 30 milhões de R$ 160 milhões. "Teria que consultar as construtoras para atualizar essa dívida, que só cresce", adianta.
José Carlos Martins contou que alguns empresários já estão ameaçando paralisações nas obras, caso o problema não seja solucionado. Martins ressaltou, no entanto, que essa é uma iniciativa da base. "A Cbic não dita o que as empresas devem fazer, mas é impossível segurar o movimento da base", declarou.
O presidente da Cbic informou ainda que teria, ontem, um encontro com representantes do governo, no qual se espera chegar a uma solução. Procurado, o Ministério do Planejamento confirmou a reunião, mas não informou a pauta. Já o Ministério das Cidades não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta reportagem.

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