domingo, 18 de outubro de 2015

Cariri reconhece legado deixado por Mauro Sampaio

Ex-prefeito realizou ações em prol do desenvolvimento regional ( Fotos: Arquivo familiar )
O líder político buscou a modernização, incentivando a expansão da cidade do perímetro urbano para a zona rural
O Estádio do Romeirão, com a promoção do esporte, é exemplo de obra concebida para o crescimento e o desenvolvimento do Município
Um dos maiores empreendimentos foi o incentivo à educação, principalmente do Ensino Superior, com a instalação, em anos seguidos, de cursos universitários
Detalhe dos primeiros passos para a elaboração da estátua do Padre Cícero, que se tornou mais do que um cartão postal, um ícone da religiosidade nacional
Juazeiro do Norte. A trajetória do líder Mauro Sampaio, com feitos reconhecidos pela população deste Município, surpreendeu a própria família no momento da despedida do ex-prefeito e médico. Afinal, era um adeus emocionado e permeado pela comoção e o destaque ao legado deixado para a cidade e a região.

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Em dois momentos de suas administrações na cidade, além dos 20 anos seguidos como deputado federal, ele promoveu ações que emergem com feitos direcionados ao desenvolvimento e marco divisores, como reconhece o ex-deputado estadual e líder político na região, Eudoro Santana.
Um deles, o turismo religioso, com a construção do monumento do Padre Cícero, no fim dos anos 60, e a construção do estádio Mauro Sampaio, conhecido como o Romeirão. O aeroporto, que teve um empenho pessoal de Orlando Bezerra, então deputado federal, também contou com o apoio do ex-prefeito.
Afeto
Suas ações se estenderam para a abertura da educação, principalmente do Ensino Superior, com a instalação, em anos seguidos, de dezenas de cursos universitários na cidade.
Isso já explicaria a comoção pelo seu falecimento em 6 de outubro, aos 88 anos. As manifestações e o afeto da população demonstram, que, mesmo por muitos anos afastado da política e passando por tratamento para recuperar a saúde, o médico não ficou no esquecimento das pessoas, o que surpreendeu e até comoveu a família.
Oração
Havia pessoas que chegavam dos quatro cantos de Juazeiro do Norte e da região para ver pela última vez quem eles chamavam carinhosamente de Doutor Mauro. Rezavam de joelhos ao lado do caixão e até mesmo deixaram escritos, em pedaços de papel, o reconhecimento ao "médico dos pobres".
Dos cinco filhos de Mauro Sampaio, apenas uma se aproxima mais do ideal do pai na política. Jacqueline Sampaio já assumiu as secretarias de Saúde e Educação, nas cidades de Barbalha e Juazeiro do Norte, respectivamente, entre outros cargos públicos no Cariri.
Atualmente, Jaqueline está filiada ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), mas admite que, mesmo gostando da política, não tem vontade de se candidatar, apesar de alguns apelos, nos últimos anos, para que isso ocorra. "A carreira do meu pai foi tão gloriosa, de tanto êxito e feitos, que acho que só deve permanecer a memória dele. A comparação é inevitável, e por mais que se faça, não chega. É uma história muito forte para alguém querer continuar", admite.
Jaqueline conta que o político separava as questões pessoais do cargo público. Ele sempre teve uma ligação forte com o Santuário de São Francisco, em Juazeiro do Norte, onde seu corpo foi velado, mas todas as questões públicas eram na então Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores.
As suas candidaturas vieram muito mais de apelos das pessoas, segundo ela. Lembra que ele sequer gastava nas campanhas, até porque não tinha dinheiro para investir.
Imortalizado
Para a filha, o pai fica imortalizado nas obras, e vivo no coração das pessoas. Era um homem que não enxergava perto, mas o futuro. As obras, desde a sua primeira gestão, ainda hoje impulsionam Juazeiro do Norte. Quando ele fez o Romeirão, o local escolhido ficava na zona rural. Ela perguntou porque ele fez uma obra tão distante do centro, e o pai respondeu que a Rua São Pedro era o comércio. Quando foi prefeito, o Centro contava com três quarteirões e, se fizesse perto, ficaria limitado.
Mauro Sampaio também era um grande estudioso e gostava de ler. Conhecia muito o pensamento do Padre Cícero. Leu dele todas as cartas que pôde ter acesso. Numa delas, uma carta do sacerdote para o senador Epitácio Pessoa, demonstrou a pessoa visionária que era o religioso. Em 1927, houve uma seca muito grande e o ministro da guerra veio para o Nordeste, para contratar frentes de serviço e empregar as pessoas. Os líderes políticos pediam açude, estrada, passagem molhada. Quando ele chegou a Juazeiro, o Padre Cícero pediu um aeroporto, porque era a única forma de ligar o Município com o resto do mundo. "Acho que essas cartas que ele leu do Padre Cícero, devem tê-lo influenciado em atitudes", afirma. Para Jacqueline, hoje é visível e palpável que ele é o segundo maior prefeito de Juazeiro. O primeiro foi o Padre Cícero.

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