quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Droga e violência mudam perfil de vulnerabilidade

Segundo a Equipe Interinstitucional de Abordagem de Rua, muitas crianças e adolescentes, hoje, vão para as ruas fugindo de ameaças ( Foto: Érika Fonseca )
Analisar a condição de crianças e adolescentes em situação de rua em Fortaleza e apontar novos caminhos para minimizar o problema da vulnerabilidade social. Estes foram alguns pontos abordados no seminário realizado na manhã de ontem (27), promovido pela Equipe Interinstitucional de Abordagem de Rua, que reuniu entidades governamentais e não governamentais. O encontro aconteceu na sede da Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra), na Parangaba.
De acordo com o levantamento feito pelo coordenador da Equipe, Manoel Torquato, o aumento do consumo de drogas, além da violência e do crescimento desordenado da Capital nos últimos 20 anos, são fatores que colaboram para o novo perfil da vulnerabilidade social de crianças e adolescentes. Manoel Torquato apurou que, em 2002, o solvente respondia por 64% das drogas usadas nas ruas, seguido da maconha com 31%. Em 2015, a maconha responde por 45% e o crack por 26% das drogas consumidas nas ruas.
"Falar em situação de rua é difícil de separar da questão dos homicídios. Isso está diretamente relacionado ao tráfico de drogas. Temos uma situação de muitos meninos irem para rua fugindo de ameaças de morte nas comunidades, porque se voltarem, vão morrer. Isso demanda outra lógica de atendimento, pois enquanto a gente defende a convivência familiar e comunitária, para eles, isso significa a morte", aponta o coordenador.
Ainda de acordo com Torquato, o crack altera o modo de ocupação da rua. "Enquanto o solvente era um produto 'comunitário', a pedra de crack é solitária. Então, a metodologia de abordagem de rua que era usada e possibilitava rodas de conversa, hoje, não é compatível com a realidade. Uma outra questão que muda esse perfil é a percepção que as crianças e adolescentes estão dispersas pela cidade e não concentradas em uma única região. Isso também impõe um desafio logístico para a abordagem. Antes, você tinha a condição de reunir educadores e colocá-los em determinado território, hoje precisaria de um exército para ocupar a cidade em razão da dispersão dos meninos, principalmente nas periferias, onde não é fácil entrar", avalia.
Diálogos
O titular da Setra, Cláudio Ricardo Gomes de Lima, elogiou a iniciativa. "Estamos avançando no diálogo e no debate. Isso fortalece tanto as políticas públicas como também a ação da sociedade para combater o problema".
Cláudio aponta que o cenário é consequência do tempo. "Precisamos atuar de maneira forte, porque atuando nesta base, você vai reduzir ou mitigar violências que surgirão no futuro. O jovem bem tratado vai ser um adulto mais equilibrado do ponto de vista social", acredita

Nenhum comentário:

Postar um comentário