quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Educação é arma contra a dengue

Com um bloco em mãos, um questionário pré-elaborado, estudantes visitaram várias casas no bairro onde moram. Fizeram perguntas sobre as condições de moradia e sobre a dengue ( Fotos: Honório Barbosa )
Os alunos da escola de Ensino Fundamental Franklin Monteiro Gondim chegaram à conclusão de que o combate à doença deve ser feito por todos
Jaguaribe Desde quando a dengue chegou às cidades do Interior, no fim da década de 1990, escolas estiveram mobilizadas, promovendo passeatas de alerta contra a doença. As campanhas, na ampla maioria das vezes, pararam por aí. Nesta cidade, na região jaguaribana, um projeto que também nasceu em uma unidade de ensino permanece, e a novidade é que envolve todos os moradores, numa ação preventiva.
Na Escola de Ensino Fundamental Franklin Monteiro Gondim, em Jaguaribe, nasceu um projeto, inovador, que foi abraçado por toda cidade de prevenção e combate à dengue. É um tema que se tornou comum, mas a ação foi tratada de forma diferente. Cada aluno foi convidado a fazer a sua parte, exercitando o seu protagonismo.
A dengue é hoje uma das doenças mais frequentes no Brasil, atingindo a população em todos os estados. Muito tem sido feito no sentido de combater os focos de reprodução do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, por meio do trabalho dos agentes de endemias. Com o passar do tempo, as ações preventivas e educativas foram reduzidas. No projeto escolar, o foco da ação é a prevenção.
Neste ano, foram confirmadas 229 mortes no Brasil, causadas pela doença, um aumento de 44,9% em relação ao mesmo período de 2014, quando foram registradas 158. No Ceará, foram registrados 20.913 casos até setembro passado. Em Jaguaribe, 370 casos suspeitos em 2014 com a confirmação de 126.
Numa cidade pequena, aproximadamente 34 mil habitantes, de acordo com o senso do IBGE, e com um único hospital para tratar os casos graves, houve esforço para atender e orientar à população. As escolas têm cumprido o seu papel social de alertar, fazer campanhas.
O projeto "Educação para prevenir e combater a dengue" mobilizou cerca de três mil alunos. Cada estudante é um verdadeiro agente de combate à dengue. A orientadora da ação é a professora Hérika Gomes. O projeto é encabeçado por dois alunos de 12 anos, aluno do 6º ano, Deyvid Peixoto e Maria Kelliane.
Os dois continuam multiplicando a ideia, falando sobre a doença, forma de transmissão, risco de levar à morte e fazendo os mais diversificados tipos de eventos em toda cidade com o objetivo de manter todos unidos e em alerta no combate à perigosa enfermidade.
Exemplo
De acordo com a secretária de Educação Aparecida Lima, o projeto revelou ser uma excelente demonstração do que os alunos são capazes, quando motivados. "É um exemplo a ser seguido por outras cidades", disse. Deyvid Peixoto e Maria Kelliane não pararam após a apresentação do seminário sobre a dengue, em sala de aula. Eles deram continuidade e surgiu uma segunda etapa: a realização de uma pesquisa epidemiológica.
Com um bloco em mãos, um questionário pré-elaborado, a dupla visitou várias casas no bairro onde moram. Fez perguntas sobre as condições de moradia e indagou sobre a dengue, forma de transmissão, de reprodução do vetor. O trabalho retornou à escola e obteve a adesão de outros alunos. A ideia foi multiplicada e chegou a 20 unidades de ensino. Cada casa foi visitada. "Os alunos deram explicações, fizeram esclarecimentos e tiraram dúvidas", disse a professora Hérika Gomes. "Os moradores abriram as portas de suas casas e foram receptivos".
E o que dizem os alunos, autores do projeto? "A ideia surgiu durante o seminário", disse Deyvid Peixoto. "Vi que era preciso sair da escola, chegar às famílias e pedir o apoio, para que agissem contra a dengue, de forma preventiva", contou. A aluna Maria Kelliane lembrou que a maioria dos focos da doença está nas casas. "Muitos moradores se descuidam e os focos surgem, os mosquitos se multiplicam e atingem as famílias", observou.
Mobilização
"Todos precisam participar e não adianta eliminar um foco em uma casa e ficar em outras". As visitas foram intensificadas em uma ampla mobilização com cerca de três mil alunos, bairro a bairro. O projeto será concluído no final deste mês, mas ações devem ser retomadas em 2016", conclui a professora Hérika.

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