domingo, 18 de outubro de 2015

Estátua do Padre Cícero atraiu mais fiéis e devotos a Juazeiro

Construção tinha trabalho por 24h e se chegou até importar cimento da Europa ( Foto: Arquivo familiar )
Juazeiro do Norte. Falar em obras marcantes e decisivas neste Município passa por uma homenagem que sela a história de Juazeiro e de seu fundador, Padre Cícero Romão Batista. Com 25 metros de altura, feita em concreto armado, o monumento erigido em homenagem ao sacerdote ficou eternizado na voz do cantor Luiz Gonzaga, com o seu chamado: "olha lá, no alto do Horto, ele tá vivo, o padre não está morto..." O romeiro mirou o canto e o lugar se tornou um dos principais referenciais de romaria do Brasil. O fato é que o monumento fez crescer o movimento de religiosos e devotos até essa cidade.
O Município, que já recebia manifestações de fé provenientes de diversas localidades do Nordeste, viu crescer o turismo religioso. Nem mesmo o prefeito que adotou a ideia acreditava no feito que deu tanto trabalho para ser concluído. Mauro Sampaio quis fazer uma homenagem ao Padre Cícero, o homem e sacerdote que tanto admirou.
Retiro
Para o gestor, foi um momento iluminado de sua vida. São 46 anos da estátua, que até a base mede 28 metros. O local onde foi construído o monumento tinha as paredes de uma igrejinha começada pelo Padre Cícero. O Horto não foi um local escolhido por acaso. É uma das localidades mais altas da região. Mas já era área para onde acorriam os romeiros, que se dirigiam ao Santo Sepulcro, a pouco mais de dois quilômetros da estátua, para fazerem as suas orações. Havia também a casa de repouso do Padre Cícero. O casarão histórico tem mais de 100 anos.
Mauro Sampaio, antes de iniciar o projeto, recebeu em sua casa o Beato Cruzeiro, que fez o pedido de construção de uma cruz como forma de homenagear o Padre Cícero, na Colina do Horto. A ideia foi aceita, mas em forma de estátua gigante. O religioso não acreditou no feito que se desenhava. Foi cumprido pelo gestor, que nunca mais avistou aquele beato.
Importação
Os turnos de trabalho eram intensos. Houve momentos que chegaram a 24 horas. Faltou cimento em todo o Brasil e o prefeito buscou a alternativa de trazer o produto da Europa, para continuar o projeto. Sua filha, Jacqueline Sampaio, era criança na época. Em sua casa, há um espaço dedicado a Juazeiro e fotografias que retratam um momento ousado para a cidade. Não havia tecnologia e os moldes da estátua eram confeccionados em madeira e agave.
A obra teve a coordenação de trabalho de Jaime Magalhães e, como projetista, o pernambucano Armando Lacerda. Para o escritor e contemporâneo do Padre Cícero, Geraldo Menezes Barbosa, que participou do momento de inauguração da estátua, o monumento por dentro mais parece a edificação de uma catedral. Os blocos de concreto eram afixados aos poucos, para formar a imagem, avistada de várias localidades da região.
No começo, não se tinha a projeção de uma estátua de 25 metros. Inicialmente, se pensava num monumento de apenas seis metros. Na medida em que havia o encaminhamento dos trabalhos, uma nova configuração se desenhava. Ainda hoje, a maquete da estátua está preservada na casa do ex-prefeito. Uma relíquia de 1,5 metro, feita em gesso.
No fim dos anos 1990, o velho casarão do Horto se encontrava com rachaduras. Estava deteriorado e quase caindo. Era segundo mandato do prefeito Mauro Sampaio, que mais uma vez pensava de forma ampla o processo de revitalização da área, incluindo a edificação centenária. "Ele sempre fazia as coisas, com a consciência do dever cumprido", afirma Jacqueline.

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