sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Fora Cunha' ganha fôlego entre parlamentares

A estratégia do grupo antiCunha inclui questioná-lo em todas as sessões para desgastar a imagem do presidente da Câmara ( FOTO: FOLHAPRESS )
Brasília. Um grupo de parlamentares de PT, PSOL, PSB, PMDB e Rede apresentou, ontem, um requerimento no qual solicitam ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), informações sobre investigações de contas bancárias na Suíça em nome dele e de familiares.
O requerimento também será apresentado à Procuradoria-Geral da República e, caso Cunha não se manifeste até a próxima semana, os parlamentares apresentarão ao Conselho de Ética da Câmara um outro requerimento para que o presidente apresente seus dados bancários e fiscais. Este requerimento, no entanto, teria que ser aprovado pelo colegiado, comandado por um aliado do peemedebista.
A estratégia do grupo anti-Cunha inclui questioná-lo em todas as sessões para desgastar a imagem do presidente da Câmara. Com recortes de jornais e cartazes onde se lia "Cunha não nos representa" e "Não em nosso nome", nove deputados apresentaram o requerimento.
Eles dizem representar um grupo de 15 parlamentares. "Todos querem esta resposta. É um dever do presidente da Casa se explicar ao plenário. O Ministério Público da Suíça, que desde abril investiga as contas que seriam de Eduardo Cunha e seus familiares, não é leviano de inventar história", disse o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), que, mais cedo, já havia questionado o presidente, na tribuna do plenário da Câmara, mas foi ignorado pelo peemedebista.
"Eduardo Cunha não tem situação privilegiada como intocável. É uma vergonha para o Parlamento brasileiro ter um presidente tão denunciado. Ele é octacampeão em denúncias", disse Alencar, listando todas que, de alguma maneira, envolveram Cunha no esquema de corrupção da Petrobras.
"Não há condições de o presidente continuar ocupando a presidência. Ele usa o cargo e mancha a imagem da Câmara", afirmou o ex-petista Alessandro Molon (RJ), agora filiado à Rede Sustentabilidade. Já o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT-MG) declarou que "o silêncio do presidente da Casa não é sinal de sua inocência. O silêncio dele estabelece sinal de conivência com o que está colocado".
Adesão
Em agosto, quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu denúncia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro contra Cunha ao Supremo Tribunal Federal (STF), o grupo liderado pelo PSOL fez um manifesto pedindo o afastamento do peemedebista do comando da Casa.
Na ocasião, o pedido contou com apoio de 35 deputados. Agora, com a nova denúncia das contas fantasmas, Alencar acredita que é possível obter mais nomes.
Até mesmo deputados aliados ao presidente da Câmara confirmaram que está cada vez mais difícil se manter ao lado do peemedebista. Pelo regimento interno da Casa, só há duas possibilidades de afastar Eduardo Cunha da Presidência. Uma delas, até o momento desconsiderada, é a renúncia ao cargo. A outra é a cassação do mandato.
A bancada do PSOL já anunciou intenção de ingressar com pedido de perda de mandato de Cunha no Conselho de Ética, caso o STF o transforme em réu. Nesse caso, partidos como o PPS, que mantém isenção, afirmam que apoiarão a causa.

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