quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Governo fracassa, e votação de vetos é adiada outra vez

Renan Calheiros foi obrigado a encerrar, pela segunda vez em dois dias, sessão do Congresso em que seriam analisados vetos presidenciais ( FOTO: AGÊNCIA BRASIL )
Brasília. A articulação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com partidos da oposição e até da base aliada resultou em mais uma derrota do governo no início da tarde de ontem. Sem quórum por parte dos deputados, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi obrigado a encerrar, pela segunda vez em dois dias, a sessão do Congresso Nacional em que seriam analisados vetos presidenciais.
Compareceram apenas 223 dos 513 deputados. Para garantir a votação era necessário um mínimo de 257 deputados. Dos 81 senadores, 68 compareceram. Eram necessários 41. A sessão foi encerrada às 13h17.
Sete minutos depois, a sessão da Câmara foi aberta registrando presença de 428 deputados, o que demonstra que a estratégia de não comparecer foi estritamente calculada.
Assim como na véspera, terça-feira, alguns dos principais partidos da base governista não contribuíram nem com metade de suas bancadas para garantir quórum para a votação. Dos 34 deputados da legenda PR, apenas oito marcaram presença (24%). No PSD, somente 27% da bancada compareceu - nove dos 33 deputados. O PP contribuiu com apenas 16 dos 39 deputados que tem (41%).
No PT, partido da presidente Dilma Rousseff (PT), faltaram sete dos 62 deputados. O PMDB, contemplado com sete ministérios na semana passada, teve apenas 37 presenças registradas, 56% da bancada de 65 nomes. O PDT, agora titular do Ministério das Comunicações, aumentou ligeiramente o número de deputados presentes em relação à sessão do dia anterior, de sete para 11, o que representa apenas 58% da bancada. A oposição contribuiu com apenas 13 de seus 102 deputados.
Líderes partidários passaram a manhã enviando mensagens de celular para suas bancadas, orientando deputados a não ir ao plenário. Ao final, responsabilizaram o governo. "O governo demonstra que a reforma ministerial não atendeu à necessidade da base", afirmou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).
Líderes governistas foram chamados ao Palácio do Planalto no fim da tarde para discutir a situação com o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo). Externaram insatisfação com a reforma ministerial, já que perderam espaço ou viram siglas infieis privilegiadas.
Os governistas inconformados uniram-se na terça-feira à oposição e a Cunha, que já havia recebido líderes em sua casa na noite de segunda e marcou reunião com líderes em seu gabinete às 11h de ontem, meia hora antes do horário previsto para o início da sessão.
Recados
O peemedebista tem medido força com Renan e tenta pressioná-lo a votar no Senado a proposta de emenda à Constituição (PEC) que garante o financiamento privado de campanha.
Além disso, ele quer dar ao governo uma resposta à aproximação do Planalto com Leonardo Picciani (PMDB-RJ). O líder do PMDB na Câmara se aproximou de Dilma, foi contemplado com dois dos sete ministérios cedidos ao partido, tem defendido interesses do governo e passou a ser a opção governista para suceder Cunha na presidência da Câmara em 2017 ou até antes. Cunha está sob ameaça de perder o mandato em função de suposto envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Lava-Jato, o que ele nega.
Cunha se esquivou de responsabilidade pelo esvaziamento da sessão. "É Congresso. Não é comigo", disse. Um dos vetos a ser votado é o do reajuste dos servidores do Judiciário. O impacto, segundo o governo, é de R$ 36,2 bilhões até 2019. Inconformados com o adiamento da sessão, servidores cercaram o presidente da Câmara com cartazes e gritaram "Derruba o veto!".

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