Ainda que a luta pelo diagnóstico precoce do câncer de mama seja constantemente lembrada por diversos grupos organizados da sociedade civil, os 61 mamógrafos presentes na rede pública no Ceará operam com apenas 25% de suas capacidades. Na busca pelo acesso facilitado e diagnóstico em tempo hábil do segundo tipo de câncer com maior índice de mortalidade entre as mulheres, a Rede Cearense de Combate ao Câncer de Mama (Rede Mama) lançou ontem, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, mais uma edição do Outubro Rosa, campanha anual que procura lembrar as mulheres dos cuidados com a própria saúde. Haverá programação especial ao longo do mês.
Segundo a Rede Mama, apesar de possuir uma boa cobertura de mamógrafos, aparelho responsável por diagnosticar o câncer, a procura pelo exame ainda não é satisfatória. "Cada mamógrafo é capaz de fazer 800 exames por mês, mas esse índice não é alcançado. Isso acontece tanto pela dificuldade da mulher em chegar a fazer a mamografia, quanto pelo medo que elas têm de realizá-la e descobrir a doença. Muitas vezes ela não sabe que deve procurar um médico do Sistema Único de Saúde para fazer o encaminhamento", explana Daniele Castelo Branco, representante da Rede Mama.
Além disso, o aumento na incidência da doença em mulheres mais novas também é motivo de alerta. Atualmente, metade das mulheres que iniciam tratamento contra o câncer de mama pela rede pública detectaram o problema já em fase avançada. "Por isso é importante fazer a mamografia. Hoje, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) sugere que a mulher faça o exame a partir dos 50 anos de idade. Nós, que trabalhamos diariamente com isso, já orientamos que a partir dos 40 já busque a mamografia, pois é uma doença que não tem prevenção, mas tem um tratamento mais eficaz, caso seja detectada precocemente", aponta Daniele.
Dificuldades
O mastologista do Hospital Haroldo Juaçaba e do Hospital e Maternidade Zilda Arns e membro da Sociedade Brasileira de Mastologia, Valdenrique Macedo de Sousa, reitera os problemas que impedem a melhora nos índices de tratamentos bem sucedidos do câncer de mama no Ceará.
"Além da questão das mulheres que têm preconceito, pois o exame é um pouco desconfortável, e o medo de descobrir a doença, há também o lado dos profissionais de saúde, que precisam estar atentos para requerer a mamografia às mulheres. Esse é um efeito positivo que a campanha Outubro Rosa tem. É preciso que as autoridades governamentais e os convênios de saúde invistam em diagnóstico precoce e em tempo hábil", coloca o especialista.
O mastologista aponta que, atualmente, apesar da boa oferta de exames, a indicação de tratamento para cada caso ainda é dificultado. "Um grande problema hoje em dia, principalmente no SUS, é o diagnóstico através de biópsia. Principalmente na fase impalpável da doença, em que você precisa de um aparelho de ultra-som e de uma mamografia para fazer a biópsia, o que dificulta o tratamento em tempo adequado", diz Valdenrique.
Apesar disso, colorir diversos pontos da cidade com cor de rosa em cada mês de outubro já mostra a força daqueles que lutam contra a doença, em pressão ao poder público por melhores condições de tratamento.
"Apesar dos problemas, vemos que já há avanços. Antes, a dificuldade era a falta de oferta da mamografia. Hoje, o entrave está na fila para as biópsias. Mas vemos que a sociedade está cobrando das entidades responsáveis por investimentos no que está aquém do que deveria estar. Ainda assim, o paciente que tem uma lesão hoje, seja impalpável, seja adiantada, tem como acessar rápido o sistema de saúde", expõe o médico.
Programação
Outubro Rosa
07/10
Passeio Ciclístico Rosa a partir das 19h. Concentração na sede da Unimed Ceará, Rua Nogueira Acioli, 925
01/10 a 31/10
Palestras em instituições Públicas e privadas
14/10
Audiência pública estadual a partir das 14h, na Assembleia Legislativa
25/10
Caminhada Rosa na Avenida Beira-Mar. Concentração a partir das 16h no Aterro da Praia de Iracema
Mais informações
Instituto do Câncer do Ceará (ICC)
(85) 3288.4400
(85) 3281.2865
Rede Mama Ceará
(85) 3521.1537
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