domingo, 25 de outubro de 2015

Mostra reúne cotidiano poético


A exposição com mais de 150 trabalhos poderá ser vista até o próximo dia 31 ( Fotos: Elizangela Santos )
As fotografias estão expostas em parede, tecido, projeção e instalações. O critério foi um recorte de 23 anos de várias exposições e ensaios realizados pela fotógrafa
Juazeiro do Norte. "A Beleza dos Dias" com o olhar de uma fotógrafa veterana, com mais de duas décadas na fotografia. As imagens trazem o sentimento poético de humanidade de Nívia Uchoa. Gente à luz da fotografia. A exposição com mais de 150 trabalhos poderá ser vista até o próximo dia 31 de outubro, no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), em Juazeiro do Norte. São 23 anos de carreira, com uma trajetória marcada por fases diferenciadas do seu trabalho, principalmente por meio da sensibilidade com a natureza e o humano.
Com entrada gratuita, o olhar lançado do público para o trabalho da profissional, remete a um Cariri com os seus mais diversos costumes. São formas de viver uma cultura diversificada. Nívia festeja sua carreira com uma exposição de três meses e meio, onde o público pode conhecer um pouco da sua experiência adquirida, ao mesmo tempo em que já planeja levar para outras localidades do Ceará e outros estados do Brasil, já que há registros realizados em várias localidades. Desde o dia 7 de julho a mostra foi lançada com a curadoria da designer e cineasta Adriana Botelho.
Nívia destaca que a temática está relacionada diretamente com o cotidiano dos seres humanos. "Procuro evidenciá-lo, por entender que também vivo em meio a ele e as pessoas. Uma integração com as paisagens da cidade e zona rural, por onde visito", explica. Ela vai além disso, ao enfocar a figura humana, e ao trazer com as pessoas o contexto social, econômico, além do aspecto político, que leva à reflexão do ser e suas vivências.
As fotografias estão expostas em parede, tecido, projeção e instalações. O critério foi um recorte de 23 anos de várias exposições, ensaios, e estão inseridos trabalhos de cidades cearenses como Pacoti, Jericoacoara, Barbalha, Juazeiro do Norte e Crato, além do Rio de Janeiro.
O que ela considera um pouco de Cariri faz o público mergulhar de fato num mundo saudosista, das mudanças sociais de mais de duas décadas e do que ainda está aí para ser captado pela sensibilidade poética do olhar fotográfico.
Peculiaridades
A busca, na verdade, para a Nívia Uchoa, é pela essência do ser humano, nas suas mais diversas peculiaridades. São modos de vida, estéticas de casas, objetos, paisagens. "Mostro situações que estão praticamente em extinção, como foi enfocado por um dos visitantes", afirma.
Os banhos de crianças nos rios, os hábitos alimentares bem brasileiros, potes ainda usados para armazenar a água de beber, oratórios, beatas e beatos e os idosos. São trabalhos que estão associados ao prazer da fotógrafa de registrar a realidade, sem fugir do que provoca a sensibilidade lírica do observador. "Um trabalho que gosto muito são fotos em preto e branco do início da minha carreira. Minha essência", destaca.
As lições extraídas dos grandes nomes da fotografia e da experiência de atividades profissionais diárias fazem parte do exercício constante do aprender. "Sempre paro para refletir e analisar meus trabalhos. Se valeu à pena os cliques feitos. Vivo em constante exigência, principalmente após uso de câmeras digitais. Penso que minha forma de ver e avaliar são de outra maneira e não consigo gostar muito dessa fase. Gostava mais da fotografava com filmes, pois a essência de não ver a foto antes que ela fosse revelada me dava mais espontaneidade, curiosidade, fervor", frisa.
O Cariri nos últimos anos se tornou um terreno fértil para destacados profissionais da fotografia, com grandes fomentadores desse processo. Um deles é a própria Nívia, que ressalta ser bastante estimulante essa vivência. Para ela, os encontros para debater as temáticas relacionadas ao trabalho, as oficinas, acabam sendo motes para a idealização do seu próprio trabalho.
Livro
A água tem sido, nos últimos anos, uma das grandes inspirações da fotógrafa, com várias exposições já realizadas no Estado sobre a temática, além de publicação do livro "Água pra que te quero!". O projeto é bastante elogiado, além de servir como o pontapé para uma retomada nas questões ambientais, iniciadas na Colina do Horto, junto com o Instituto de Ecocidadania Juriti.
E as ações continuam, com um olhar focado nesse processo de trazer uma conscientização, e uma beleza imagética. Esse retorno com os grupos de trabalho e amigos trazem um incentivo necessário para a profissional, que já pensa na publicação do "Água pra que te quero 2!".

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