sábado, 17 de outubro de 2015

Novos dados reduzem apoio a Cunha na Câmara

Políticos governistas e oposicionistas, ouvidos em caráter reservado, afirmaram que segunda e terça serão decisivas para definir o futuro de Cunha ( Foto: Reuters )
São Paulo/ Brasília.Depois da publicação das “digitais” de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de familiares nas contas secretas no exterior, políticos até então próximos do peemedebista afirmam que ele perdeu condições de comandar a Câmara os Deputados e que a saída se reduz agora a uma questão de dias.
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Documentos das contas secretas no exterior atribuídas a Cunha trazem a assinatura do peemedebista, cópias do passaporte diplomático dele e da mulher, Cláudia Cruz, além do endereço residencial no Rio e números de telefones do Congresso para contato. As informações estão no material enviado pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal.

Sem apoio

A maioria dos líderes partidários submergiu ontem após a divulgação dos documentos, incluindo a oposição, que ensaiava um distanciamento após a tentativa de Cunha de fechar acordo com o governo para salvar o mandato.

Políticos do governo e da oposição, ouvidos em caráter reservado, afirmaram que segunda e terça-feira serão decisivas para a definição do futuro de Cunha.

Trechos da delação premiada do lobista Fernando Soares, 48, na Lava- Jato, vazaram e complicaram ainda mais a situação de Cunha. O delator afirmou que o presidente da Câmara recebeu cerca de R$ 5 milhões em espécie, em seu escritório no Rio, além de crédito de R$ 300 mil em horas de voo em fretamentos de jatinho. Soares, conhecido como Fernando Baiano, afirmou ter dito a Cunha que o dinheiro era fruto de desvio de verba de contratos para fabricar navios-sonda para a Petrobras.
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Em depoimento de 10 de setembro, Baiano detalhou como teriam sido feitos pagamentos ao deputado, a partir de 2011. Segundo ele, foram em espécie, em cinco ou seis entregas.

De acordo com Baiano, Cunha passou a receber porque aceitou ajudá-lo a cobrar de outro lobista, Júlio Camargo, uma dívida estimada em US$ 16 milhões que Baiano teria como “comissão” atrasada, relativa ao negócio com os navios-sondas Petrobras 10.000 e Vitoria 10.000. Pelos dois negócios, Baiano disse que iria receber US$ 35 milhões de Camargo.

Além das entregas em espécie, parte da propina foi repassada a Cunha em crédito no valor de R$ 300 mil em horas voo de um jato de propriedade de Camargo, acrescentou o delator.[/DE CUNHA]

O lobista Fernando Baiano, afirmou que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau receberam propina desviada da contratação pela Petrobras de um navio-sonda. Baiano afirmou que os quatro políticos dividiram US$ 6 milhões.

Voto de confiança

No âmbito político, o principal fator que pesa contra Cunha é o de que ele vinha pedindo um voto de confiança assegurando não ter contas fora do país.
As imagens do passaporte diplomático, assinaturas e demais documentos publicados tornam a versão pouco crível, dizem deputados. Líderes das bancadas do governo e da oposição são quase unânimes em afirmar que a situação é “delicadíssima” e deve ampliar a lista do “Fora, Cunha” elaborada pelo PSOL e pela Rede, que tem 53 adesões.

Os dois partidos protocolaram pedido de cassação no Conselho de Ética. O processo deve ser instaurado até o fim do mês. A oposição, que se alinhou a Cunha quando ele rompeu com o governo, combinou que se manifestará no início da semana. PSDB e DEM iniciaram o afastamento na semana passada, quando soltaram nota sugerindo a ele que se afastasse da Presidência.

Procurado, o senador Agripino Maia (RN), presidente do DEM – investigado em outro caso–, disse que “as coisas ficam agora muito difíceis de serem explicadas”, já que Cunha dizia não ter conta no exterior.

O deputado Silvio Costa (PSC-PE) passou a pedir a líderes de todos os partidos que se unam pelo afastamento. “Ele negou o tempo todo que tivesse conta. Acho que não dá mais nem para esperar o tempo regimental (de cassação)”.

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