quinta-feira, 1 de outubro de 2015


Pelo Facebook, o filósofo Renato Janine Ribeiro informou que o encontro com Dilma, no Palácio do Planalto, "foi absolutamente cordial" ( Foto: Agência Brasil )
Brasília. A presidente Dilma Rousseff (PT) chamou Renato Janine Ribeiro ao Palácio do Planalto, ontem, para comunicá-lo que ele vai deixar o Ministério da Educação. Em nota, o MEC confirmou que o filósofo deixou a pasta. "A presidenta reconheceu e agradeceu o trabalho de Janine no MEC", diz o texto.
Em seu perfil no Facebook, Janine Ribeiro informou: "Mandei publicar esta nota no Portal do MEC. O encontro foi absolutamente cordial". Aloizio Mercadante, que vai deixar a Casa Civil numa tentativa do Palácio do Planalto de melhorar a relação com a base aliada, será o quarto ministro da Educação em dez meses. Antes de Janine, Cid Gomes ocupou o posto e, de forma interina, o secretário-executivo da pasta, Luiz Cláudio Costa.
Dilma trabalha para concluir a reforma ministerial. Ontem, o vice-presidente Michel Temer disse que as mudanças devem ser concluídas amanhã. A decisão de tirar Mercadante da Casa Civil foi tomada após muita pressão de aliados e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O atual ministro da Defesa, Jaques Wagner, vai substituí-lo na função.
A demissão de Arthur Chioro do Ministério da Saúde por telefone deixou auxiliares de Dilma estarrecidos. Mesmo conhecendo o temperamento da presidente, classificaram a atitude dela como "terrível" e "desrespeitosa". Incomodada com as críticas do então ministro em entrevista publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, Dilma o dispensou em uma conversa telefônica.
Já o escolhido pela presidente como novo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner (PT), não é um homem de extremos. Confrontado com os escândalos de corrupção do PT, repetiu por anos que "existem os santos e diabos em todos os partidos". Na economia, diz não acreditar nem em liberdade total ao mercado nem em intervencionismo exacerbado.
Fundador da sigla, Wagner não integra nenhuma das correntes internas do partido e consegue proeza restrita a poucos: é amigo e goza da confiança tanto do ex-presidente Lula como da presidente Dilma.
Equilibrando-se na linha que separa "lulistas" e "dilmistas", é alçado ao principal ministério nos governos petistas na condição de bombeiro. Repete filme visto há dez anos, quando no auge da crise do mensalão, no primeiro governo Lula, assumiu a articulação política e, com Aldo Rebelo e Eduardo Campos, ajudou a pavimentar a reeleição do ex-presidente.
A expectativa é de que Wagner deixe a parte operacional do ministério a cargo de Eva Chiavon, seu braço direito que já foi número dois no Planejamento e hoje é secretária geral na Defesa. Com isso, ele deve manter o foco nas costuras políticas para, em tempos de torneiras fechadas, tentar repetir o que conseguiu na Bahia, onde foi governador: dizer não aos aliados e fazê-los sair sorrindo de seu gabinete.
'Reforma tardia'
Ainda ontem, em reunião com a executiva nacional do PT, em São Paulo, Lula disse que a presidente Dilma deveria ter feito antes, logo depois da reeleição, em 2014, a recomposição do ministério que dá mais espaço a partidos aliados como o PMDB.
"Dilma está fazendo agora o que deveria ter feito em novembro", disse Lula, segundo relatos de participantes da reunião.
Com o aumento de cinco para sete ministérios comandados pelo PMDB, Dilma, Lula e o PT esperam que o governo finalmente consiga formar uma maioria no Congresso para aprovar o ajuste fiscal e afastar o risco de impeachment. Lula e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, desembarcam hoje em Brasília para uma conversa com Dilma.
O ex-presidente disse, também, que não basta ao Planalto acomodar aliados na Esplanada dos Ministérios. Segundo Lula, Dilma deve explicar à população que a reforma não é só uma manobra para afastar o risco de impeachment, mas uma "nova fase" do governo, na qual ela assume a busca de saídas para a crise econômica e política no País.

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