segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Perspectivas pioram: deterioração política

Um dos palestrantes notou que a presidente Dilma Rousseff tentou diferentes estratégias para melhorar a governabilidade, mas nenhuma funcionou
Nova York. As perspectivas para o Brasil ficaram mais sombrias e o País aparece como tendo uma das situações mais problemáticas entre os principais mercados emergentes, em meio a um ambiente político conturbado e obstáculos importantes para tocar o ajuste fiscal. Já o cenário para a Rússia e China está um pouco mais "construtivo".
As conclusões vieram de um evento que o Bank of America Merrill Lynch fez em Lima, às margens da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que terminou ontem.
China, Brasil e Rússia tiveram destaque nas discussões do evento do BoFA em Lima, que reuniu nomes como o diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Tony Volpon, e representantes de BCs do Chile, México, Turquia e Tailândia, além de gestores e analistas da Pimco, do UBS.
Entre os brasileiros que fizeram apresentações, estavam o economista Afonso Celso Pastore e Beny Parnes, da gestora SPX Capital. Os cenário para os três países, porém, divergem, com o Brasil em pior posição, segundo um relatório do banco comentando as conclusões do evento.
A economia russa está em recessão, mas em melhor situação que há alguns meses. E a perspectiva ficou mais positiva, segundo os participantes do evento em Lima. Os bancos se recapitalizaram e as empresas reduziram a alavancagem.
Na China, os economistas e gestores mostraram preocupação com a desaceleração do crescimento do país, que deve provocar "solavancos", mas a visão se mostrou de alguma forma "construtiva", com a percepção de que uma crise mais aguda no país asiático é "muito baixa".
'Clima sombrio'
Para a economia brasileira, a avaliação foi diferente. "O clima sobre o Brasil foi mais sombrio na medida em que o ajuste fiscal tem obstáculos significativos à frente", diz o relatório do BoFA.
Os participantes destacaram que o Brasil precisa cortar gastos públicos e que a forte recessão deste ano deve levar à queda da inflação em 2016. O investimento privado deve apresentar novas quedas e a taxa de desemprego pode subir mais. Pelo lado positivo, as contas externas têm tido melhora importante e podem ajudar na recuperação da economia mais à frente.
Um dos consensos em relação ao Brasil é que a solução para os problemas fiscais requer, primeiro, uma melhora da situação política em Brasília, que permanece complicada. Um dos palestrantes, destaca o BoFA, notou que a presidente Dilma Rousseff tentou diferentes estratégias para melhorar a governabilidade, mas nenhuma funcionou.
Dilma vai continuar sofrendo pressão do Congresso, incluindo a possibilidade de abertura de um processo de impeachment, destacaram os participantes.
"Um palestrante observou que um processo de impeachment é mais político do que jurídico, o que torna mais difícil avaliar suas chances e resultados", destaca o BoFA. O aumento da taxa de desemprego e novos escândalos de corrupção podem contribuir para aumentar as tensões sociais.
Volpon
O diretor do BC Tony Volpon participou de um painel para discutir as estratégia dos BCs em meio às mudanças na economia da China e a expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos, que teve também outros representantes de BCs, incluindo da Tailândia, Turquia e Chile.
Os participantes concordaram que a taxa de câmbio flexível permanecem como o principal instrumento de ajuste a um cenário de condições financeiras mais duras e menor fluxo de comércio. As reservas internacionais podem ser usadas para reduzir a volatilidade no câmbio, mas não para impedir o ajuste das moedas

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