Fortalecer os serviços de atenção básica e promover ações inter setoriais em políticas públicas são alguns dos caminhos para a saúde pública de Fortaleza. A constatação ficou clara depois da discussão, na manhã de ontem, do último dia dos Fóruns Temáticos e Setoriais do Projeto Fortaleza 2040. De acordo com o médico sanitarista da Secretaria da Saúde do Estado, Manoel Fonsêca, estudo mostra que os principais problemas são a grande demanda de casos decorrentes da violência urbana e o atendimento à gestante e ao idoso.
Segundo os dados do diagnóstico apresentado ontem, a mortalidade por causas externas em jovens aumentou 76,6% de 1997 a 2013 em Fortaleza. Foram 2.109 homicídios em 2013. Mortes por arma de fogo se configuram como principal causa, uma média de cinco óbitos por dia. Depois, vêm os acidentes de trânsito, seguido das neoplasias. O especialista explica que isso mostra o quanto a violência é um importante vetor nos desafios para a saúde e que o envelhecimento da população precisa ser visto com mais atenção.
"Ao mesmo tempo em que nossos jovens morrem mais cedo por causa da violência e do envolvimento com as drogas, temos uma população envelhecendo mais", alerta.
Somente em 2013, foram registrados 26 óbitos maternos, quando a taxa não deveria ultrapassar 15. Número que vem crescendo desde 2010. Eclâmpsia, hemorragia e aborto foram as principais causas. "Precisamos reavaliar o Hospital da Mulher. Não é possível ter gente morrendo de parto com um hospital daquele. Construíram um castelo com poucos quartos", critica Fonsêca.
Entre as propostas para enfrentar o desafio, está o trabalho em três eixos: enfrentamento da violência, através da promoção de uma cultura de paz, principalmente voltada para a juventude; estimular a autonomia da mulher durante o parto; e requalificação e ampliação de áreas de convivência, como praças e academias ao ar livre.
Fóruns
Os fóruns temáticos são realizados pelo Instituto de Planejamento de Fortaleza e faz parte da segunda fase do Projeto Fortaleza 2040. A programação da etapa "A Fortaleza que Queremos" conta com 37 fóruns que aconteceram de segunda a sexta-feira (23), na Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), no Centro. Segundo a coordenadora do Plano, Lia Parente, a avaliação só será feita no final. No entanto, ela afirma que se pode comemorar a aceitação dos órgãos oficiais e terceiro setor.
Alguns fóruns terão continuidade por terem ainda potenciais a serem explorados. Em novembro, eles devem ter o material concluído com relatório final para compilação. Em janeiro, haverá outra sequência de fóruns, com a apresentação de estratégias e planos de ação.
"O final seria a institucionalização dessas estratégias em lei e a aplicação na governabilidade. É realmente discutir um novo modelo de governança. O resultado não será um plano para um governo, mas para umas seis gestões para a frente", justifica ela, que reforça que essa nova proposição não é apenas para o Governo e sim para empresas, sociedade civil e população em geral.
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