Alguns detalhes podem ajudar a Polícia Civil a identificar o que motivou Francisco Roberto Oliveira, o 'Júnior Moura', 46, a matar e a ocultar num freezer o corpo da mulher dele e a assassinar a tiros, na última terça-feira (24), o vice-prefeito de Choró. Em especial, um caderno em que, escrito a mão, estaria uma carta supostamente redigida por Francisco Roberto.
A reportagem teve acesso ao conteúdo escrito, apreendido pelos investigadores no apartamento onde 'Júnior Moura' e a técnica de enfermagem Maria Elisângela Gomes Lemos, 35, moravam, na Avenida Augusto dos Anjos, bairro Parangaba, em Fortaleza. O corpo da mulher foi encontrado, após o marido ir até a sede da Prefeitura de Choró e executar com nove tiros o vice-prefeito Francisco Sidney Cavalcante de Sousa, 42. O homem acreditava que Maria Elisângela mantinha um relacionamento amoroso com o gestor.
"O que eu amava mais na vida era minha família e a minha esposa e ela fazer isso comigo me traindo. Me desculpe meu sogro mil desculpa. Eu fazia tudo por eles, nunca faltou comida pra eles e nem roupas. Hoje mesmo eu fui no shopping e comprei mais de dois mil reais pra eles. Isso é o que me revolta...", diz um trecho do texto, que está datado de 21 de novembro.
O documento seguiu para perícia e será submetido a exames para determinar quem teria sido o autor, através da análise da grafia e da coleta de impressões digitais no papel.
Júnior Moura já respondia a processos por porte ilegal de arma de fogo. Ele permanece internado, em estado grave, no Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza, para onde foi levado na noite da última terça-feira (24), após atirar contra a própria cabeça, depois de matar o vice-prefeito.
Objetos
No quarto do casal, havia um porta-retratos com quatro fotos. Em uma deles, Júnior Moura e Maria Elisângela aparecem abraçados. O rosto do homem, no entanto, foi borrado com uma tinta de cor branca.
Também chamou a atenção dos investigadores o fato de, em um dos banheiros do apartamento, uma máquina de lavar roupas estar posta exatamente abaixo do chuveiro, dentro do box. Ao lado, havia um rodo e um pano. A cena levantou a suspeita de que a mulher poderia ter sido afogada no tanque da máquina.
"Segundo as informações, eram um casal normal, não apresentava registros de discussão ou ameaças", disse o delegado Leonardo Barreto, titular da 3ª Delegacia da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), que preside o inquérito, com o apoio da Delegacia Regional de Quixadá, comandada pela delegada Anna Cláudia Nery. Para a Polícia, o crime passional teria sido motivado por ciúmes de Júnior Moura em relação à esposa.
O delegado, no entanto, ainda não conseguiu confirmar a veracidade da existência da relação entre Maria Elisângela e Francisco Sidney. Conforme populares, a técnica de enfermagem teria trabalhado por alguns meses em Choró, quando conheceu o político e com ele manteria contato através da internet. "A confirmação desses fatos, só o curso das investigações poderá afirmar categoricamente", disse o delegado da DHPP.
Causa da morte
A causa da morte da técnica de enfermagem ainda não foi determinada. Conforme Leonardo Barreto, há várias suposições que só poderão ser esclarecidas após o laudo cadavérico ser concluído. Dentre as possibilidades estão envenenamento, estrangulamento, asfixia e até afogamento. Na residência não havia marcas de sangue nem indícios de luta corporal ou resistência. O corpo da mulher estava congelado, dentro de um freezer que era usado pelo marido para guardar queijos, produtos estes que eram vendidos por ele.
No refrigerador, além do corpo da mulher, havia ainda algumas panelas também com alimentos congelados, como feijão. Conforme a Polícia, na manhã de domingo, 'Júnior Moura' retirou os queijos do freezer, o que chamou a atenção dos vizinhos do casal.
Já na terça-feira, ele foi a Choró, a aproximadamente 151 quilômetros de Fortaleza, adentrou o Centro Administrativo Expedito Quirino Borges e solicitou um encontro com o vice-prefeito, passando-se por morador da cidade. Dentro do gabinete do gestor, 'Júnior Moura' trancou a porta e matou Sidney Cavalcante a tiros. Durante cerca de duas horas, ele negociou a rendição com a Polícia, alegando manter outras três pessoas reféns. No entanto, quando estava prestes a se entregar, efetuou um disparo contra a própria cabeça.
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