segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Hospitais universitários reduzem procedimentos

Em documento divulgado sexta-feira, a Superintendência dos hospitais da UFC esclarece que, neste ano, aumentou em 15% a quantidade de serviços no HUWC
No fim de semana, as redes sociais digitais foram usadas para denunciar a situação difícil pela qual passa o complexo hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC), provocando a redução e suspensão de atendimento em alguns procedimentos nas unidades de saúde.

Alguns procedimentos estão suspensos, como os exames por imagem (tomografia, ultrassonografia e ressonância magnética). O que mais chama a atenção da comunidade médica é a possibilidade de suspensão dos transplantes (fígado, rins, pâncreas e medula óssea).

Conforme nota assinada pelos gestores do complexo universitário da UFC, que circula desde sexta-feira (27) na Internet, a partir desta segunda (30) o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) reduzirá em até 50% os seus leitos, devido à falta de repasse de verba.

Por sua vez, a Maternidade Escola Assis Chateaubriand suspendeu as cirurgias eletivas de alta complexidade, continuando em funcionamento a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, bem como os serviços de atendimento de urgência e emergência.

As medidas, segundo a nota, visam resguardar a vida dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) atendidos nas duas unidades de saúde. O problema no atendimento do HUWC não é de agora, reconhece o médico e professor da UFC, José Milton de Castro Lima, atribuindo a situação à escassez de recursos.

A falta de repasse tanto da Prefeitura Municipal de Fortaleza e da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) pela realização de alguns exames serve para complicar ainda mais o quadro. O hospital é fundamental para a estrutura de saúde no Estado, reconhece o médico. Outro problema apontado, é que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), atual gestora dos hospitais, não vem realizando o financiamento.

O principal prejuízo desencadeado pela situação considerada “caótica” é a suspensão dos transplantes, lamenta o professor José Milton de Castro Lima. “O Walter Cantídio é referência nacional e recebe pacientes das regiões Norte e Nordeste. É o hospital que mais realiza transplantes de fígado no Brasil e na América Latina”.
Em documento divulgado, na sexta (27), a Superintendência dos hospitais da UFC “esclarece que, neste ano, aumentou em 15% a quantidade de serviços de saúde ofertados à população pelo HUWC e pela Meac”, atribuindo a contratação de 1.200 profissionais aprovados no concurso promovido pela Ebserh.

Funcionários

Para alguns integrantes da comunidade médica, o problema da crise não se deve somente à permanência dos funcionários da Sociedade de Assistência à Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Sameac). Não é o que pensa a direção da Ebserh, considerando “que onerou substancialmente os recursos financeiros das unidades, que agora terão de reduzir os serviços de saúde oferecidos aos cidadãos do Ceará”.

Ainda de acordo com Coordenadoria de Comunicação daEbserh, a regularização da força de trabalho nos hospitais das universidades federais tem sido cobrada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) desde 2006.Segundo o órgão, é irregular a contratação de fundações de apoio privadas para prestação de serviços na área finalística dos hospitais universitários.

Prazo

Visando cumprir a determinação do TCU, o MEC estipulou dezembro de 2015 como prazo máximo para que as universidades federais regularizem os vínculos empregatícios em seus hospitais. Avisa que os desligamentos ocorreriam de forma gradual, de acordo com a contratação dos aprovados no concurso e de forma a não prejudicar o funcionamento do HUWC e Meac.

O descumprimento do cronograma fixado pela Ebserh gerou um desequilíbrio nas contas dos hospitais da UFC, uma vez que os aprovados no concurso foram contratados, mas os funcionários da Sameac não foram dispensados. Aponta, ainda, outro agravante: o aumento na prestação de serviços de assistência não ocorreu acompanhado da revisão do contrato dos hospitais com o gestor local de saúde, o que impede o repasse de verbas para que o hospital consiga continuar ampliando o atendimento prestado.

Por meio da Assessoria de Comunicação, a Sesa informou que o Estado tem convênio com 36 hospitais polos, um deles é a Maternidade Escola, para complementar a rede de ginecologia e obstetrícia. Por ano, o Estado repassa R$ 135 milhões para todas essas unidades, dos quais R$ 2,1 milhões são para Meac, que está regular. No entanto, o órgão informou que, ontem, não tinha como fornecer informações sobre o Hospital Walter Cantídio. Já a Secretaria Municipal Saúde (SMS) explicou que a Prefeitura não tem convênio com unidades do complexo hospitalar da UFC.

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