quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Irrigação contribui para o desperdício

Os poços têm sido a salvação dos produtores, já que o Açude Banabuiú deixou de suprir a demanda desde o segundo semestre do ano passado ( Fotos: Ellen Freitas )
Os agricultores se queixam quanto à falta de novas tecnologias de irrigação. Tanto o pivô central quanto a irrigação por elevação causam desperdício de água
Morada Nova. Paralelo à luta para conseguirem apoio do governo do Estado na perfuração de poços, os agricultores deste município, que atuam no perímetro irrigado, estão buscando também o uso de novas tecnologias para o melhor uso da água na irrigação. Os poucos produtores que dispõem desse recurso assumem o desperdício e alertam que o sistema de irrigação é o mesmo utilizado há 40 anos.
Os poços têm sido a salvação dos produtores, já que o Açude Banabuiú deixou de suprir a demanda desde o segundo semestre do ano passado. Quem tem recursos, investe em média R$ 8 mil para implantar um povo de 10 metros, o suficiente para manter a demanda de irrigação de um lote por produtor.
Com a boa vazão o poço poderia abastecer outros produtores, mas o problema está no desperdício e falta de sistemas atuais para irrigação.
"Aqui a gente trabalha assim: liga o motor que ele vai alagando a plantação, depois a gente fecha. É muita água que vai embora, tanto pela evaporação quanto pela absorção do solo. Nossa grande necessidade hoje é de um sistema mais moderno, que dê pra gente irrigar por gotejamento", afirma Raimundo Bezerra. Com a restrição hídrica para a produção do Perímetro de Morada Nova, apenas 40% dos 955 irrigantes estão produzindo com auxílio de poços.
O Irrigante e presidente de uma comissão de agricultores do perímetro, Davi de Castro, diz que o perímetro existe desde 1968 e que o modelo de irrigação pouco mudou.
"Hoje se irriga da mesma forma que nossos pais e avós irrigavam há 47 anos atrás e, num momento de crise como esse, é importante termos acesso às novas tecnologias", defende o produtor rural.
Pra ele, a busca pela ampliação da oferta de poços deve ser paralela à modernização do sistema de irrigação. "Do que adianta termos água farta se não soubermos usar de forma mais efetiva e racional. Estamos buscando apoio do governo do Estado para que ele seja parceiro dos irrigantes", ressalta.
O presidente da Associação de Moradores do Sítio Exu e Adjacências, Clodoaldo Galvão, exemplifica que foi encontrado um rio subterrâneo, na localidade de Exu, e que o mesmo está fechado devido à sua grande vazão, sendo necessário sistema mais moderno de captação.
Visita
No último fim de semana, o titular da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), Inácio Arruda, visitou o perímetro e constatou ser possível que os irrigantes possam produzir com ajuda de poços. "Nós observamos que aqui existe água de boa qualidade e que se mostra viável sua captação por meio de poços para a produção. Mas, infelizmente, a forma como ela vem sendo utilizada está gerando muito desperdício. Outros produtores poderiam ser beneficiados", constatou.
Ainda de acordo com ele, tem-se mostrado cada vez mais necessário implantar novas tecnologias no campo, com maior rentabilidade e produtividade, principalmente para os pequenos produtores rurais.
"As grandes empresas já fazem isso há muito tempo. É preciso dar condições para que os pequenos também tenha acesso a equipamentos mais modernos, isso causa menos custo na hora de produzir e gera mais riquezas para a região", complementou.

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