Após a tentativa frustrada de recriação do Partido Liberal (PL) com viabilidade para disputar as eleições municipais em 2016, os articuladores da sigla no Ceará revelam aguardar novas instruções do comando nacional para organizar novo planejamento e admitem impacto negativo em diferentes lideranças no Estado que aguardavam como certa a concessão do registro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Um dos articuladores da agremiação no Ceará, Aramicy Pinto, afirma que o comando nacional promete, no recesso parlamentar no Congresso Nacional, retomar o diálogo com os correligionários e estabelecer o planejamento dos novos passos em busca da recriação do PL.
"Eles (representantes do comando nacional) vão agora esperar passar o tumulto em Brasília, porque eles estão totalmente envolvidos com as votações Câmara Federal. Só mesmo depois, quando entrarem no recesso parlamentar, é que vamos voltar a pegar pesado para pensarmos em fazer alguma coisa. O problema é que muitas assinaturas não foram reconhecidas", explica.
Indagado quanto à frustração no planejamento de várias lideranças que dependiam da recriação do PL para definir o futuro, Aramicy ressalta a situação do deputado federal Domingos Neto, atualmente líder do PROS na Câmara. Segundo ele, já havia o acerto de que o parlamentar não seguiria os aliados Ciro e Cid Gomes na ida para o PDT com o compromisso de assumir o comando da nova legenda.
"Trouxe certa frustração. Domingos Neto, por exemplo, estava na agulha para ser presidente. Provavelmente iria assumir. Ele já estava ciente disso, deixaria o PROS para assumir a presidência do PL. Nada disso retroagiu, mas houve uma frustração".
Aramicy revela que o ministro Gilberto Kassab, presidente licenciado do PSD, sempre classificou como certa a recriação do PL a tempo de 2016. "Todos achávamos que ia dar certo. É tanto que ficamos completamente surpresos. Kassab centralizou muito as ações e ele estava certo de que os correligionários estavam trabalhando para sair, para fazer dar certo a criação do partido", diz.
Obstáculos
No Ceará, segundo o vice-presidente do PSD e um dos articuladores do PL no Ceará, Almircy Pinto, foram coletadas cerca de 30 mil assinaturas. O ingresso do grupo liderado pelo deputado Domingos Neto e a prefeita de Tauá, Patrícia Aguiar, atraiu muitas lideranças da região que planejavam 2016 na nova sigla.
Em outros estados, Almircy Pinto alega que muitos articuladores tiveram obstáculos nos cartórios. São apontados como fatores que dificultaram o processo o maior cuidado da Justiça Eleitoral em atender a mudança na legislação determinando que assinaturas coletadas devem pertencer a eleitores sem filiação a outras siglas e o impacto da greve nos cartórios eleitorais.
A retomada do PL foi idealizada na tentativa de fortalecer a base de apoio ao governo Dilma Rousseff e reduzir o peso do PMDB no Congresso Nacional.
Em agosto, o Tribunal Superior Eleitoral rejeitou pedido de recriação do PL sob a justificativa de que a agremiação apresentou cerca de 160 mil assinaturas. Para a obtenção do registro, a Lei prevê pelo menos 484 mil apoios de eleitores não filiados a outras siglas, 0,5% dos votos na última eleição da Câmara Federal.
Representantes da sigla entraram com recurso para novo julgamento. A Procuradoria Geral da República já emitiu parecer desfavorável com o argumento de que ainda faltam assinaturas.
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