segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Vagas temporárias têm queda de 36,6%

Apesar de se avaliar o emprego temporário pela motivação das festas natalinas, o comércio não representa a grande demanda de trabalhadores no Interior ( Foto: André Costa )
Segundo o Sine/IDT, o agronegócio é o carro-chefe ( Foto: Ellen Freitas )
Fortaleza Apesar da expectativa de aquecimento do varejo com as festas de fim de ano, o número de vagas de emprego temporário no Interior do Estado neste ano já é inferior a 36,6% em relação a 2014. Levantamento realizado pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) constata que o comércio não está reagindo aos pico de vendas, a exemplo do que se verificou em períodos anteriores.
Enquanto que no ano passado, os empregos temporários somaram 8.700 vagas, a pouco mais de um mês para o término de 2015, o número é de 5.510. Em vista da recessão econômica que se soma à crise hídrica gerada pelo ciclo de secas, a crise no emprego temporário é considerada como a maior já examinada pelo IDT, desde a existência do órgão, criado em meados da década de 1990.
A mesma crise que afeta a capital, onde o comércio abriu neste período de festas de fim ano 835 vagas, enquanto que em 2014 foram cerca de 2.500, se torna ainda mais sensível no Interior, pela restrição de emprego e renda na zona rural e, especialmente, na área urbana.
O presidente do IDT, Gilvan Mendes, observa que os números foram extraídos de forma absoluta ao longo de 2015. O desempenho na atividade produtiva é reveladora, na sua avaliação, das incertezas que se abateram sobre a economia.
"Essa é uma época do ano em que o varejista investe no seu comércio, enfeitando as prateleiras e renovando seus estoques. Com a indecisão dos rumos do País, há uma tendência pela extrema cautela", afirma Mendes.
arte
Setores
Apesar de se avaliar o emprego temporário pela motivação das festas natalinas, o comércio não representa a grande demanda de trabalhadores no Interior do Estado do Ceará, mesmo em cidades importantes, como Sobral, Juazeiro do Norte, Iguatu, Limoeiro do Norte e Quixadá.
Na verdade, segundo o IDT, é o agronegócio o carro-chefe da captação de mão-de-obra nos municípios, principalmente naqueles onde funcionam os maiores projetos de irrigação, como os existentes na Chapada do Apodi e no Tabuleiro de Russas, no Baixo Jaguaribe.
Neste ano, no entanto, essa realidade foi bem diferente. Os números do IDT informam que, em 2014, mesmo com a seca, houve a oferta de 591 vagas. Neste ano, no entanto, o total foi de apenas 257.
A construção civil foi outro setor que também sentiu fortemente o baque das políticas econômicas. No Interior foram oferecidas 874 vagas no ano passado. Em 2015, foram apenas 605.
Temor
O IDT sequer possui números oficiais de abertura de vagas no comércio das cidades, mesmo onde houve abertura de shopping centers, como em Aracati, ou expansão, como é o caso de Juazeiro do Norte.
"Com a possibilidade de criação de um novo imposto, como é o caso da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), o aumento da energia elétrica, do combustível, o empresário fica temeroso para investir", observa o presidente do IDT. Mendes diz que, quando o mercado está favorável, a atenção do Instituto é para que os empregados temporários sejam efetivados. Para tanto, há toda uma atenção na qualificação profissional, no sentido de difundir a importância do trabalho em equipe, a boa apresentação física e das técnicas de persuasão para as vendas. No momento, vê a inadequação para a realidade.
Preocupação
Se o fim do ano é uma boa época para quem deseja uma oportunidade de emprego temporário, as festividades ameaçam desapontar. Exemplo disso, é a cidade de Juazeiro do Norte. O comércio varejista está preocupado com a queda no faturamento e cauteloso com a contratação de funcionários temporários.
Entre as pessoas que almejam um emprego, os universitários são os que mais entregam currículos nessa época do ano para ajudar com as despesas da faculdade "Estava esperançosa. Esse período é quando surgem mais vagas, mas já visitei várias lojas aqui do Centro e não estão muito interessados em receber meu currículo", diz Kátia Mota, estudante de serviço social.
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Juazeiro do Norte, Michel Araújo, essa é uma boa possibilidade de superar a crise, ele afirma "voltar-se para o que o cliente precisa e ficar atento a todas as mudanças que acontecem no universo varejista. E novamente estar atento às oportunidades", afirma o dirigente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário