Iguatu. Uma das maiores áreas de produção de arroz irrigado do Estado, as várzeas do Açude Orós, na região Centro-Sul do Ceará, enfrentam elevada queda de produção da cultura, neste ano. O nível do reservatório está com 33% de sua capacidade e as águas ficaram distantes das tradicionais áreas de cultivo. Resultado: uma redução de aproximadamente 80% na área de plantio da cultura.
A safra de arroz irrigado nas várzeas do Açude Orós, o segundo maior do Ceará, ocorre no segundo semestre nos meses de agosto a dezembro. A construção do reservatório foi concluída no início de década de 1960, mas foi nos anos de 1970 a 1990 que houve uma expansão do plantio, em áreas localizadas nos municípios de Iguatu e de Quixelô. A atividade gerou trabalho e renda, na região.
Já no século atual, a produção de arroz foi mantida, mas sofreu revés em decorrência do elevado custo de produção e queda no preço, inviabilizando na maioria das vezes a continuidade do cultivo. Nos últimos dois anos, a perda de água no reservatório dificultou o cultivo de arroz irrigado. A área de 300 hectares, que foi cultivada em 2013, reduziu-se para cerca de 60 hectares, neste ano. A produção esperada para esta safra é de apenas 360 toneladas da cultura.
Nas roças não há máquinas, são reduzidos produtores que estão trabalhando e o verde do arrozal ficou limitado. "As águas estão muito distantes das tradicionais áreas de plantio, não compensa fazer o bombeamento porque fica muito caro", disse o agricultor, Marconi Chagas da Silva. "Neste ano praticamente ninguém plantou", completou.
O produtor Raimundo Alves insistiu em fazer o cultivo de uma área de 10 hectares. "Não quis ficar parado, mas foi difícil encontrar parceiros para plantar", disse. A colheita deve ser concluída na próxima semana. A irrigação é feita por transferência de água do açude por meio de bombeamento, por motores a óleo diesel para as áreas de plantio. Quando as águas estão distantes é necessário fazer dois ou três bombeamentos, encarecendo o custo de produção.
Mais redução
Além das várzeas do Açude Orós, também houve elevada redução no cultivo de arroz irrigado da safra de verão, nas várzeas do Rio Jaguaribe e no entorno da Lagoa de Iguatu. "A seca está trazendo dificuldades para os irrigantes. A perda de água nos açudes não permite mais a produção da cultura irrigada", observou o técnico agrícola, Carlos Oliveira. "Se não houver recarga em 2016, não haverá plantio por falta de água".
O cenário atual é diferente dos anos anteriores, quando o verde do arrozal contrastava com outras áreas do sertão cearense que estavam secas. Agora tudo permanece seco, terras ociosas, e as famílias enfrentam falta de água.
Sem produção, a saca de 60 quilos de arroz em casca é comercializada por R$ 65,00, um preço considerado favorável. "Se houvesse produção, o preço já teria caído para quarenta reais", disse Marconi Chagas. "Neste ano, o preço está bom, mas não há produção. É a lei da oferta e procura. Um dos maiores produtores de arroz, Eudes Braz, não plantou neste ano diante das dificuldades de acesso à água".
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