Juazeiro do Norte O Ceará está em terceiro lugar, entre os Estados do Nordeste, com maior notificação em casos de AIDS, de acordo com o Ministério da Saúde. No Cariri, a situação é preocupante, segundo o coordenador do Centro de Infectologia desta cidade, Ronildo Alves, a cada semana são registrados cinco novos casos da doença na região. Jovens com idades entre 15 e 24 anos são as principais vítimas. O motivo desse aumento é, principalmente porque "o uso do preservativo foi relegado ao segundo plano entre os jovens", segundo o coordenador.
No Ceará, foram notificados 14.732 casos da doença, no período de 1983 a 2014, segundo o Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde, prova de que a epidemia da Aids continua apresentando tendência de crescimento, apesar dos avanços na política de enfrentamento na última década no País.
Apesar de o número ser menor que em Juazeiro do Norte, no Crato, a epidemia ainda é considerada crescente "de dois a três novos casos são registrados semanalmente, um número menor porque o programa no Município é novo e tem uma população inferior à de Juazeiro do Norte", afirma Arlene Bezerra, que é coordenadora do Centro de Infectologia do Município.
Vários fatores contribuem para o aumento das taxas de mortalidade, sendo um dos principais o diagnóstico e o tratamento tardios. Recomenda-se que o acesso ao teste para HIV seja facilitado nas Unidades de Atenção Primária de Saúde, para que possa ser garantido o tratamento no tempo indicado, o que pode impactar na redução da mortalidade, e também na transmissão do HIV na população.
Perspectivas
Se no início da década de 80 a doença era letal, com a falta de conhecimento e a escassez de medicamentos, hoje, com a introdução da terapia retroviral (Tarv) constatou-se um aumento considerável na qualidade de vida dos pacientes.
Durante os cinco anos de vivência com a Aids, Silene Santos, radialista e ativista no movimento HIV positivo, tem lutado para desnaturalizar questões sociais e culturais construídas historicamente. "Estamos numa nova era da epidemia de HIV/Aids. É hora de mudar esta velha história que é contada por aí, de medo, culpa e sofrimento. A Aids, nos dias de hoje, não é mais a dos efeitos colaterais, mas a da melhoria no tratamento com um apenas um único comprimido por dia, da supressão do vírus no organismo para níveis indetectáveis", afirma.
Falar sobre a doença, segundo ela, serve para desmistificar e quebrar preconceitos "Acho que falta falar e explicar que a vida de quem tem HIV não é muito diferente de quem não tem. Isso é muito importante, pois pode fazer diminuir bastante o preconceito e discriminação. Como consequência, fazer o teste de HIV deixa de ser um tabu que cria tanto medo na cabeça das pessoas. Hoje, aprendi que o diagnóstico positivo é difícil, sim, mas não é uma tragédia sem fim. É possível dar a voltar por cima e entender que a história que nos é contada repetidas vezes, a 'oficial', não é a única e está longe de ser a melhor".
Campanha
Dezembro tornou-se o mês vermelho para lembrar a responsabilidade de todos na luta contra o aumento do HIV no Brasil. Em Juazeiro, durante todo o mês, estão previstas ações alusivas ao Dia Mundial da Luta contra a Aids (a data oficial é dia 1º). No decorrer da campanha "Fique Sabendo Faça o Teste de HIV", serão ofertados, em todas as 67 Unidades do Programas Saúde da Família (PSF) de Juazeiro e também no Centro de Infectologia, testes rápidos de HIV. No Crato, essas ações foram realizadas ontem, na Praça Siqueira Campos, e continuam na unidade do Serviço Social do Comércio (Sesc) do Município.
Mais informações:
Centro de Infectologia de Juazeiro do Norte - Rua Dom Pedro II, 1769, bairro Franciscanos
Telefone: (88) 3572-8382
Centro de Infectologia do Crato
Rua José Carvalho, 370, Centro
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