quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O ano letivo de 2016 está ameaçado pela seca

O desfecho antecipado das atividades escolares decorreu por dificuldade de acesso às fontes hídricas para o abastecimento na zona rural ( FOTO: HONÓRIO BARBOSA )
Acopiara. A seca que se agrava no sertão já começa a afetar o funcionamento de escolas municipais na zona rural, que dependem de abastecimento por carro-pipa. A Secretaria de Educação deste município, na Região Centro-Sul do Ceará, precisou antecipar em duas semanas o fim do ano letivo. A medida administrativa foi discutida entre gestores no fórum de secretários de Educação da Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) 16.
A escassez de água tende a se agravar nos próximos meses e, se na próxima quadra chuvosa as precipitações forem irregulares e insuficientes para a recarga dos reservatórios, o ano letivo deverá ser adiado ou mesmo suspenso em escolas das áreas rurais em várias localidades do Interior. "Há esse risco", disse o presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará, Expedito José do Nascimento. "A situação vem se agravando. Essa questão está me preocupando e precisa ser discutida".
Expedito do Nascimento disse que amanhã (sexta-feira) vai ter uma audiência com o governador Camilo Santana e um dos assuntos a ser tratado é a proposta de perfuração de poços em unidades escolares no Interior. "Os prefeitos têm falado sobre as dificuldades de abastecer as escolas e manter as aulas regulares", frisou. "Vamos defender a ideia de aplicar recursos das escolas em poços, precisamos de apoio do governo".
Ainda segundo Nascimento, a Secretaria da Educação do Estado (Seduc) já mostrou preocupação com o próximo ano letivo, caso o quadro de seca persista. O coordenador administrativo da Secretaria de Educação de Acopiara, André Martins, disse que a antecipação do fim do ano letivo foi decorrente das dificuldades de abastecimento de água das unidades na zona rural. As aulas deveriam ir até o próximo dia 18, mas serão encerradas nesta sexta-feira.
Emergência
Acopiara tem 40 escolas da rede municipal de ensino e 29 estão localizadas na zona rural. São 11 mil alunos matriculados da Educação Infantil até o Ensino Fundamental II. "Antecipamos em dez dias o calendário escolar porque não havia mais como continuar", explicou Martins. "Trata-se de um quadro de emergência, uma situação excepcional".
Apesar de os secretários municipais da região Centro-Sul terem demonstrado preocupação com a escassez de água nas escolas em reunião realizada há um mês, na Crede 16, a maioria dos municípios da região está conseguindo cumprir o calendário de 200 dias letivos. A preocupação dos gestores é para com o início das aulas em 2016 a partir da segunda quinzena de janeiro vindouro. "O nosso temor é com o próximo ano letivo e a manutenção das aulas, se não chover", disse o prefeito de Acopiara, doutor Vilmar Félix "Essa situação caso seja agravada vai afetar outros municípios".
O município de Acopiara tem uma ampla área rural e é o maior em extensão da região Centro-Sul. Há escolas em áreas isoladas, de difícil acesso, para distribuição de água por carro-pipa. Os distritos de Ebron e Solidão são dois exemplos onde há unidades escolares distantes de áreas urbanas. Atualmente, 22 carros-pipa fornecem diariamente água para as famílias cada vez mais sedentas. As cisternas estão secas. Até a cidade só não entrou em colapso por causa da água do Açude Trussu em Iguatu que chega ao sistema de abastecimento por meio de uma adutora de montagem rápida.
Em nota, a Seduc esclareceu que "os municípios são responsáveis pela gestão de suas escolas e têm autonomia para definir diretrizes e orientações". Informou também que o órgão "não dispõe de dados sobre escassez de água nos municípios".

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