As manifestações mominas vêm se intensificando em Fortaleza e em cidades do Interior nos últimos anos. Semanas antes do Carnaval, são vários os grupos que começam a tomar as ruas, devolvendo-lhes as marcas da tradição - dos blocos populares aos maracatus e escolas de samba. Ao reconhecer a importância histórica e cultural desses festejos, as secretarias de cultura do Estado e de Fortaleza se movimentam em políticas contínuas de apoio.
Na última semana, a Secretaria da Cultura do Estado (Secult) abriu inscrições para o Edital Carnaval do Ceará 2016, por meio do qual injetará R$ 1,1 milhão em apoio a projetos tradicionais. Os recursos devem ser aplicados em programação carnavalesca, maracatus, escolas de samba, blocos, cordões e afoxés. As inscrições seguem até 8 de janeiro.
Também na última semana, a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) divulgou o resultado dos Editais de Apoio aos Blocos de Rua (pré-Carnaval e Carnaval) e de Apoio ao Desfile de Carnaval da Avenida Domingos Olímpio (Carnaval). O certame estimula a preservação de blocos e agremiações tradicionais, bem como o surgimento de novos grupos. Os festejos apoiados vão de 8 de janeiro a 9 de fevereiro.
Feminista
O edital lançado pelo Secultfor selecionou dez blocos estreantes, dentre os quais estão o Mercado Folia, Bloco do Isprito, Filhos de Fafá, Bloco Carnavalesco Barra Folia, Filhos do Sertão na Folia, Pré-carnaval de Marchinhas, Bloco Lauro Maia 2016 e Bloco A Turma do Barba Roxa.
Além deles, foi selecionado o estreante Damas Cortejam, que deve ganhar as ruas da cidade levando ritmo e reflexões políticas. Formado exclusivamente por mulheres, o grupo percussivo se denomina feminista e espera disseminar na Capital a preocupação com o respeito à mulher durante o Carnaval, período em que é comum a objetificação feminina - principalmente por meio das propagandas e comerciais.
"Pra gente, essa é uma data muito simbólica. Sabemos que nesse período do Carnaval tem essa coisa da objetificação da mulher, que é algo legitimado na propaganda, pela forma como a mulher é abordada. Então, só de ser um grupo que se intitula feminista, formado exclusivamente por mulheres e com repertório sensível a essa questão, já é importante", afirma Sâmara Gurgel, uma das onze integrantes.
O grupo Damas Cortejam foi criado há cerca de quatro anos, por mulheres que já integravam outros blocos da Capital. A ideia era formar um grupo percussivo exclusivamente feminino que não tocasse apenas samba-enredo, mas também adaptasse ao batuque a diversidade da Música Popular Brasileira (MPB). "Procuramos pessoal pra harmonia, então tinha no princípio cavaco, violão e guitarra. Hoje temos só violão e guitarra. O restante são instrumentos de percussão", conta Sâmara.
O grupo, que já contou com 22 integrantes, hoje tem dez. No início, ainda não havia consenso de que seria um bloco feminista. "Depois é que a gente veio amadurecendo essa ideia. Hoje temos um consenso", acrescenta Sâmara.
Desde a criação do grupo, a intenção era sair no pré-Carnaval, mas as integrantes ainda não se sentiam preparadas. O bloco Damas Cortejam começou, então, apresentando-se em eventos. "Neste ano, a gente viu que já tinha um repertório maior e mais segurança", diz Sâmara. O repertório busca valorizar músicas que exaltem a figura da mulher, evitando aquelas que a tratem de forma estereotipada.
Tradicionais
Outro bloco aprovado como estreante nos editais dos ciclos carnavalescos da Prefeitura é o Sapirangueiros. Formado por amigos e moradores do bairro Sapiranga, já se apresentou pelas ruas da região. No entanto, esta é a primeira vez que recebe apoio da Secultfor.
Além dos dez estreantes, foram contempladas dezenas de blocos veteranos. É o caso, por exemplo, do bloco A Turma do Mamão, fundado em 1975 por um grupo de amigos do bairro Jacarecanga. Desde então, vem participando de todos os pré-Carnavais de Fortaleza.
Outro bloco histórico contemplado é o Que Merda é Essa?, criado em 1983 por um grupo de amigos que já participava dos cordões carnavalescos da Praia de Iracema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário